Por Que o Cálcio é Tão Importante Para o Corpo?
O cálcio não está só nos ossos e dentes. Ele está presente em vários processos metabólicos essenciais, como:
Contração muscular, inclusive a do coração
Coagulação do sangue
Transmissão de impulsos nervosos
Liberação de hormônios
Quando os níveis estão fora do ideal, o corpo pode começar a dar sinais, que muitas vezes passam despercebidos. Por isso, o acompanhamento é tão importante.
O que é o Exame de Cálcio e Para Que Serve?
O exame de cálcio, também chamado de cálcio total exame, é um teste laboratorial essencial para avaliar os níveis de cálcio no sangue. Ele pode parecer simples, mas é uma ferramenta poderosa na detecção precoce de várias condições de saúde.
Esse exame ajuda a entender como o corpo está regulando esse mineral tão importante. Por isso, é frequentemente solicitado em check-ups de rotina ou quando há suspeita de problemas ósseos, renais ou hormonais.
Além disso, sempre explico, que existe a versão mais específica chamada cálcio iônico, que mede apenas a forma ativa do cálcio, aquela que realmente participa das funções do corpo. O cálcio iônico valor normal pode variar dependendo da idade e condições clínicas, mas seu monitoramento é vital em casos mais complexos.
Cálcio exame total e cálcio iônico: qual é a diferença?
Como mencionei acima, ao realizarmos um exame de cálcio no sangue, medimos o cálcio sérico total, que representa a soma das três formas de cálcio que circulam no sangue, como:
- Cálcio livre (ionizado) – Cerca de 50% do cálcio no sangue está nessa forma. Ele é chamado de “livre” porque não está ligado a outras substâncias, e essa é a forma ativa, que participa das funções vitais no corpo.
- Cálcio ligado as proteínas – Aproximadamente 45% do cálcio está ligado a proteínas, principalmente a albumina, que é uma proteína encontrada no sangue.
- Cálcio ligado a complexos – Cerca de 5% do cálcio está ligado a outras substâncias, como fosfatos, citratos e bicarbonatos.
Em consultas de rotina, o cálcio total costuma ser suficiente. Mas vale lembrar: o tipo de exame deve ser definido pelo profissional de saúde conforme o caso clínico.
Cálcio Exame: Níveis Altos ou Baixos, Entenda os Resultados
Quando falamos sobre Cálcio Exame: Níveis Altos ou Baixos, Entenda os Resultados, é preciso analisar com cuidado. Níveis alterados, tanto para mais quanto para menos, podem indicar que algo não vai bem no organismo.
A boa notícia é que, com diagnóstico precoce, quase todas essas condições têm controle.
Hipocalcemia (Cálcio Baixo)
A hipocalcemia é quando o corpo tem pouco cálcio circulando. Isso pode causar sintomas que vão desde cãibras até confusão mental, veja a seguir:
Sintomas comuns:
- Espasmos musculares involuntários (tetania)
- Dormência e formigamento nas extremidades (mãos, pés e rosto)
- Fraqueza muscular e fadiga intensa
- Câimbras frequentes
- Alterações no ritmo cardíaco (arritmias)
- Irritabilidade, ansiedade e confusão mental
- Problemas de coagulação, aumentando o risco de sangramentos prolongados
- Unhas quebradiças e pele seca
Principais causas:
- Deficiência de vitamina D, essencial para a absorção de cálcio.
- Hipoparatireoidismo – disfunção das glândulas paratireoides, que regulam o cálcio.
- Doenças renais crônicas, que afetam a retenção e absorção de minerais.
- Uso prolongado de diuréticos, que eliminam cálcio pela urina.
- Alcoolismo crônico, que interfere na absorção de nutrientes.
- Síndromes de má absorção (como doença celíaca e doença inflamatória intestinal).
Hipercalcemia (Cálcio Alto)
Já a hipercalcemia ocorre quando o corpo tem cálcio demais no sangue. E isso, ao contrário do que muita gente pensa, também é perigoso.
Sintomas comuns:
- Fraqueza muscular e fadiga constante
- Redução da resposta neuromuscular (baixa excitabilidade), levando à dificuldade de movimentação (em casos graves).
- Confusão mental, lentidão cognitiva e, em casos graves, coma.
- Ritmo cardíaco irregular e palpitações
- Náuseas, vômitos e perda de apetite
- Constipação e dor abdominal
- Sede excessiva e aumento da frequência urinária (poliúria)
- Pedras nos rins (nefrolitíase) devido ao acúmulo de cálcio no trato urinário
Principais causas:
- Hiperparatireoidismo – excesso de produção do hormônio paratormônio (PTH).
- Uso excessivo de suplementos de cálcio e vitamina D.
- Cânceres, especialmente os que afetam os ossos ou produzem hormônios semelhantes ao PTH.
- Doenças granulomatosas, como sarcoidose e tuberculose, que aumentam a absorção de cálcio.
- Imobilização prolongada, que promove a liberação de cálcio dos ossos.
- Insuficiência renal, que reduz a capacidade do corpo de excretar cálcio.
Cálcio e Vitamina D: Uma Dupla que Anda Junto
O exame de cálcio e vitamina D é frequentemente solicitado em conjunto porque esses dois nutrientes trabalham em parceria no corpo. Sem vitamina D, o cálcio não é absorvido corretamente no intestino, o que pode levar a uma deficiência mesmo com boa alimentação.
Vantagens da combinação:
Maior absorção de cálcio
Prevenção de doenças ósseas como osteoporose e osteomalacia
Fortalecimento do sistema imunológico
Melhor função muscular
Embora muitos profissionais não utilizem os dois exames em conjunto em sua prática clínica, a combinação de ambos é fundamental para uma análise mais completa do metabolismo ósseo e do estado geral da saúde.
Relação cálcio e vitamina D
Para facilitar ainda mais o entendimento, preparei a seguir uma tabela clara e organizada para explicar a relação entre cálcio e vitamina D.
Aspecto | Cálcio | Vitamina D |
---|---|---|
Função Principal | Formação e manutenção de ossos e dentes. | Facilita a absorção do cálcio no intestino. |
Papel na Saúde Óssea | Mineralização e fortalecimento dos ossos, prevenindo osteopenia e osteoporose. | Promove a deposição adequada de cálcio nos ossos. |
Doenças Associadas à Deficiência | Osteopenia, osteoporose, tetania, cãibras musculares. | Osteomalacia (adultos), raquitismo (crianças), fraqueza muscular. |
Papel na Função Muscular e Nervosa | Contração muscular e transmissão de impulsos nervosos. | Melhora a força muscular e reduz o risco de quedas. |
Riscos do Excesso | Hipercalcemia: pedras nos rins, calcificação de tecidos. | Hipervitaminose D: calcificação de órgãos e vasos. |
Exemplo de Monitoramento | Exame de cálcio sérico. | Exame de vitamina D no sangue. |
Fontes | Leite, queijos, sardinhas, tofu, brócolis. | Exposição solar e suplementos. |
Alimentos Ricos em Cálcio e Como Prevenir Deficiências
A melhor forma de manter os níveis de cálcio dentro do ideal é por meio da alimentação. Não é só leite que entra na lista, veja abaixo:
Alimentos ricos em cálcio:
Queijo, iogurte e leite (preferencialmente integrais e pouco processados)
Sardinha (com espinhas)
Tofu
Brócolis e couve
Amêndoas
Mas, se mesmo com alimentação adequada os níveis estiverem baixos, pode ser recomendar suplementação de cálcio, sempre com acompanhamento.
Como é Feito o Diagnóstico e o Tratamento do Cálcio Exame?
Se o resultado do Cálcio exame vier alterado, pode ser solicitado exames complementares, como:
Hormônio paratireoideano (PTH)
Creatinina e ureia (função renal)
Tratamento da hipocalcemia (Níveis baixos):
Reposição de cálcio via suplemento ou injeção
Aumento da ingestão de vitamina D
Identificação da causa (ex: corrigir hipoparatireoidismo)
Tratamento da hipercalcemia (Níveis altos):
Hidratação
Diuréticos sob prescrição
Cirurgia nas paratireoides (em casos graves)
Suspensão de suplementos
Valores de referência: Exame de cálcio
Abaixo estão os valores de referência de cálcio no sangue de acordo com a faixa etária, esse valores podem variar entre laboratórios, mas, em geral, é:
Faixa Etária | Valores de Referência (mg/dL) |
---|---|
Inferior a 1 ano | 8,7 a 11,0 mg/dL |
1 ano a 19 anos | 9,3 a 10,6 mg/dL |
A partir de 19 anos | 8,6 a 10,3 mg/dL |
Esses valores ajudam a identificar se os níveis estão dentro da faixa ideal. Quando o cálcio está fora dessa faixa, pode haver risco de complicações de saúde, como hipocalcemia (níveis baixos) ou hipercalcemia (níveis altos).
O exame também pode ser utilizado para monitorar o metabolismo do cálcio em conjunto com a vitamina D, por meio do exame de cálcio e vitamina D.
Qual o nível normal de cálcio no exame de sangue?
O nível normal de cálcio no sangue (cálcio sérico) varia de acordo com a idade, conforme indicado na tabela anterior. Quando os níveis estão fora da faixa ideal, isso pode estar relacionado a diversas doenças. A seguir, exploraremos as principais doenças e distúrbios associados aos níveis anormais de cálcio.
Cálcio Exames e sua relação com diversas doenças
Insuficiência renal
Na insuficiência renal crônica, os rins não conseguem filtrar adequadamente o excesso de cálcio e fósforo do sangue, o que pode resultar em hipocalcemia ou hipercalcemia. O desequilíbrio de cálcio e fósforo aumenta o risco de osteodistrofia renal, enfraquecendo os ossos.
Sarcoidose
A sarcoidose é uma doença inflamatória que pode aumentar a absorção de cálcio nos intestinos e reduzir sua excreção pelos rins, levando à hipercalcemia. Isso ocorre porque a sarcoidose pode aumentar a produção de vitamina D, elevando os níveis de cálcio no sangue e causando complicações como cálculos renais e depósitos de cálcio nos tecidos.
Osteomalacia
A osteomalacia é uma condição em que os ossos se tornam macios devido à deficiência de vitamina D, resultando em uma absorção inadequada de cálcio. Com níveis baixos de cálcio no sangue, o corpo não consegue manter os ossos fortes, o que leva a dores ósseas, fraqueza muscular e maior risco de fraturas.
Osteoporose
A osteoporose afeta a densidade óssea, tornando os ossos mais frágeis e propensos a fraturas. O cálcio é essencial para a prevenção da osteoporose, pois ajuda a manter os ossos fortes ao longo da vida. A falta de cálcio, especialmente em idades avançadas, pode agravar essa condição.
Acromegalia
Na acromegalia, uma doença hormonal caracterizada pela produção excessiva do hormônio do crescimento, pode ocorrer hipercalcemia, pois o metabolismo do cálcio e do fósforo é afetado, o que pode resultar em problemas ósseos e articulares.
Hiperparatireoidismo
No hiperparatireoidismo, as glândulas paratireoides produzem excesso de hormônio paratireoide (PTH), levando à hipercalcemia. Isso resulta na reabsorção óssea excessiva, causando perda óssea, pedras nos rins e problemas cardíacos.
Tetania
A tetania é uma condição que provoca espasmos musculares involuntários, geralmente causada por hipocalcemia. Níveis baixos de cálcio afetam os nervos e músculos, resultando em contrações musculares dolorosas e, em casos graves, espasmos generalizados.
Doença de Paget
A Doença de Paget é uma desordem crônica que causa remodelação óssea anormal. Embora os níveis de cálcio possam permanecer normais, o exame de cálcio é útil para monitorar o estado ósseo e prevenir complicações relacionadas ao excesso ou falta de cálcio.
Conclusão
O exame de cálcio é essencial para monitorar e avaliar a saúde dos ossos, nervos, músculos e coração. O desequilíbrio nos níveis de cálcio pode causar uma série de problemas de saúde, como osteoporose, insuficiência renal e tetania. Manter níveis adequados de cálcio, juntamente com vitamina D, é crucial para garantir uma boa saúde óssea e muscular.
Para garantir que seus níveis de cálcio estejam adequados, mantenha uma dieta equilibrada com alimentos ricos em cálcio e faça exames regulares de cálcio e vitamina D, sempre com o acompanhamento de um profissional de saúde.
Veja Mais Sobre Vitamina D
COLLELUORI, Alessandro; PERISANIDIS, Christos; TESFAYE, Bogale. Calcium and Phosphate Homeostasis: Hormonal Regulation and Clinical Implications. Endotext, 2023. Disponível em: https://www.endotext.org. Acesso em: 13 out. 2024.
BELLOMO, Roberto; MCCAFFREY, John. Vitamin D in Critical Illness. Critical Care, v. 27, n. 1, p. 83-90, 2022. Disponível em: https://ccforum.biomedcentral.com. Acesso em: 13 out. 2024.
Endotext. Calcium metabolism and renal function. Disponível em: https://www.endotext.org. Acesso em: 13 out. 2024.
BETSCH, Christian et al. Vitamin D deficiency in ICU patients: A systematic review. Critical Care Medicine, v. 48, n. 5, p. 650-658, 2021. DOI: 10.1001/ccm.4890.
Dúvidas Frequentes
Não é necessário.
No entanto, sempre siga as orientações específicas fornecidas pelo seu médico ou laboratório.
Alguns hábitos e alimentos podem contribuir para a perda de cálcio no organismo. O consumo excessivo de sal, cafeína, álcool e o uso de tabaco aumentam a eliminação de cálcio pela urina. Além disso, a falta de exercício físico reduz a fixação de cálcio nos ossos, enfraquecendo-os ao longo do tempo.
O cálcio é contraindicado para quem tem insuficiência renal avançada, excesso de cálcio na urina (hipercalciúria) ou no sangue (hipercalcemia). Também não são recomendados em casos de excesso de vitamina D ou sarcoidose, uma doença inflamatória que pode causar fadiga, dor nas articulações e inchaço.
Um dos principais efeitos colaterais com o consumo prolongado de cálcio é a constipação, especialmente em idosos. Se tomado em excesso, junto com vitamina D, pode levar à hipercalcemia (excesso de cálcio no sangue), resultando em hipercalciúria (cálcio elevado na urina), além de riscos de calcificação anormal em órgãos, problemas cardiovasculares e renais.
Sim, cálcio e vitamina D podem e devem ser tomados juntos para melhor absorção. A vitamina D facilita a absorção do cálcio no intestino e potencializa sua fixação nos ossos, ajudando a prevenir a osteoporose e reduzindo o risco de fraturas. Essa combinação é essencial para manter ossos fortes e saudáveis.
Sempre busque a orientação de um profissional de saúde para garantir o uso seguro e adequado de suplementos como cálcio e vitamina D, pois o uso incorreto pode trazer consequências graves, como problemas cardiovasculares, renais e calcificação indevida nos tecidos.

Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.