O exame de TAP (Tempo de Atividade da Protrombina) é um exame laboratorial fundamental para avaliar a coagulação sanguínea. Ele mede o tempo necessário para o sangue coagular, fornecendo informações cruciais sobre a saúde do sistema de coagulação (hemostasia sanguínea).
O exame de TAP é particularmente importante para pacientes que utilizam anticoagulantes ou que estão se preparando para cirurgias, além de ajudar a monitorar doenças hepáticas e outros distúrbios relacionados à coagulação.
Neste artigo, vou detalhar como o exame de TAP é realizado, quais são seus valores de referência, as implicações para o risco cirúrgico, e como os resultados são interpretados e tratados.
O Que é o Exame de TAP e Para Que Serve?
O exame de TAP, é utilizado para avaliar a via extrínseca da coagulação sanguínea, ou seja, como o sangue responde a lesões e interrompe hemorragias. Ele é importante para monitorar pacientes em tratamento com anticoagulantes, como a varfarina, e para diagnosticar distúrbios de coagulação.
Como é Feito o Exame de TAP?
O exame é realizado a partir de uma amostra de sangue coletada do paciente. Essa amostra é então misturada com reagentes específicos para medir o tempo necessário para o sangue coagular.
Os resultados são expressos em segundos e também como o RNI (Razão Normalizada Internacional), que padroniza os resultados de TAP para facilitar a interpretação global.
Valores de Referência do Exame de TAP
- Tempo de Atividade de Protrombina: 9,3 a 13,3 segundos.
- RNI: 0,8 a 1,2.
Os valores de referência podem variar conforme o laboratório, mas servem como guia para identificar anormalidades na coagulação.
Aplicações Clínicas do Exame de TAP
O exame é importante para várias condições clínicas, incluindo:
- Monitoramento de Anticoagulantes: Pacientes em uso de anticoagulantes, como varfarina ou heparina, precisam ter o TAP monitorado regularmente para ajustar a dosagem e evitar complicações, como sangramentos excessivos ou formação de coágulos.
- Avaliação de Doenças Hepáticas: O fígado produz fatores de coagulação, e distúrbios hepáticos podem prolongar o TAP, indicando comprometimento da função hepática.
- Risco Cirúrgico: O TAP é essencial na avaliação pré-operatória para determinar a segurança do paciente em procedimentos invasivos. Valores elevados podem sugerir risco aumentado de sangramento, enquanto valores baixos indicam risco de trombose.
Exame de TAP Prolongado e Curto: Causas e Tratamentos
TAP Prolongado
Um TAP prolongado indica que o sangue demora mais tempo para coagular, o que pode sugerir problemas como:
- Deficiência de fatores de coagulação.
- Doenças hepáticas.
- Uso de anticoagulantes.
Tratamento para TAP Prolongado
Dependendo da causa, o tratamento pode incluir a administração de vitamina K para corrigir deficiências, ajustes na dosagem de anticoagulantes, ou reposição de fatores de coagulação em casos graves.
TAP Curto
Um TAP curto indica coagulação acelerada, o que pode aumentar o risco de formação de coágulos sanguíneos. Essa condição pode ocorrer devido a fatores hereditários, trombofilias, ou desidratação.
Tratamento para TAP Curto
Geralmente, um TAP curto (tempo de protrombina reduzido) não exige tratamento específico, especialmente se não houver sintomas ou fatores de risco associados, como histórico de trombose.
Porém, em situações clínicas em que há risco de coagulação excessiva, pode ser indicado o uso de anticoagulantes, como heparina ou varfarina, para prevenir complicações tromboembólicas. O acompanhamento médico é essencial para avaliar a necessidade e ajustar a dose com segurança.
Exame de RNI e Controle com Anticoagulantes
O RNI (Razão Normalizada Internacional) ou INR, é uma forma padronizada de expressar os resultados do TAP, particularmente útil para pacientes que utilizam anticoagulantes.
O valor de RNI ajuda a monitorar a eficácia e a segurança da terapia anticoagulante. Para a maioria dos pacientes em uso de anticoagulantes, o objetivo é manter o RNI entre 2,0 e 3,0 dependendo da indicação clínica.
Veja nossa Calculadora de TAP/INR
Exame de TAP e Risco Cirúrgico
O exame de TAP é um indicador crucial para avaliar o risco cirúrgico, permitindo que os médicos determinem se o paciente tem um risco elevado de sangramento durante a cirurgia ou se há risco de formação de coágulos após o procedimento.
Para uma avaliação mais completa, o exame de KPTT ou PTTK (Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada) pode ser solicitado, pois ele analisa a via intrínseca da cascata de coagulação.
Quando os resultados de TAP e PTTK estão prolongados, cuidados especiais podem ser necessários antes de realizar procedimentos invasivos. Esses cuidados podem incluir ajustes nos medicamentos anticoagulantes e a administração de fatores de coagulação.
Conclusão
O exame de TAP e PTTK é essencial para monitorar a coagulação sanguínea e prevenir complicações em pacientes com distúrbios de coagulação ou em uso de anticoagulantes. Além disso, ele é fundamental para a avaliação pré-operatória, ajudando a garantir a segurança durante procedimentos cirúrgicos.
A interpretação do TAP e PTTK, juntamente com o RNI, deve ser feita por um profissional de saúde capacitado para orientar o tratamento mais adequado para cada paciente.
Veja Aqui Como Interpretar os Resultados em Conjuto (TAP E PTTK)
COOKE, J. et al. Clinical Hematology and Fundamentals of Hemostasis. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2020.
HOFFBRAND, A. V.; HIGGS, D. R.; KEELING, D. M.; MEHTA, A. B. Postgraduate Hematology. 7th ed. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2016.
RIZVI, A. M.; REHMAN, K. Hematology in Practice. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2018.
WINTROBE, M. M. et al. Wintrobe’s Clinical Hematology. 14th ed. Philadelphia: Wolters Kluwer, 2018.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Guidelines on Hemostasis and Coagulation Disorders. Geneva: WHO Press, 2023. Disponível em: https://www.who.int/publications. Acesso em: 26 nov. 2024.
ADAMS, Richard J.; WILLIAMS, Sarah B. Recent advances in the diagnosis and treatment of Von Willebrand disease. Journal of Thrombosis and Haemostasis, v. 21, n. 4, p. 1153-1165, 2023. Disponível em: https://jthjournal.org/. Acesso em: 26 nov. 2024.
INTERNATIONAL SOCIETY ON THROMBOSIS AND HAEMOSTASIS (ISTH). Guidelines for Laboratory Testing of Coagulation Disorders. 2. ed. London: ISTH Press, 2023. Disponível em: https://isth.org/. Acesso em: 26 nov. 2024.
Dúvidas Frequentes
É aconselhável um jejum de 4 horas antes da coleta.
Sim, os diferentes nomes para o exame KPTT, PTTK, TTP ou PTTA referem-se essencialmente ao mesmo exame: o Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada. As variações nos nomes ocorrem por diferentes terminologias adotadas por laboratórios ou regiões, vejam abaixo:
- KPTT (Kaolin-PTT) destaca o uso de caulim (um ativador) no teste.
- PTTK (Partial Thromboplastin Time Kaolin) é uma versão que também faz referência ao uso do caulim.
- TTP (Tempo de Tromboplastina Parcial) é a versão mais abreviada, sem especificar o ativador.
- TTPA (Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada) destaca que o teste é “ativado”.
Neste caso, pode indicar um problema na via intrínseca da coagulação e merece uma atenção especial. O ideal é seguir as orientações abaixo:
- Consultar um médico para investigar possíveis causas, como deficiências de fatores de coagulação (VIII, IX, XI, XII) ou uso de anticoagulantes.
- Repita o exame, se necessário, para confirmar o resultado, já que erros de coleta como, amostras hemolisadas, garroteamento prolongado ou pouco material coletado, podem ocorrer.
- Evitar procedimentos invasivos até esclarecer a causa do prolongamento.
O médico poderá orientar exames adicionais ou ajustes de medicamentos, se necessário.
Diversos fatores podem interferir nos resultados do exame de TAP, como:
Uso de medicamentos:
- Anticoagulantes como a varfarina e heparina podem prolongar o TAP.
- Antibióticos, anticoncepcionais e suplementos vitamínicos também podem afetar o resultado.
Dieta:
- Alimentos ricos em vitamina K (espinafre, couve, brócolis) podem diminuir o TAP, pois a vitamina K é essencial para a coagulação.
Doenças hepáticas:
- Problemas no fígado podem prolongar o TAP, já que o fígado produz fatores de coagulação.
Deficiência de fatores de coagulação:
- Falta de fatores como I, II, V, VII, ou X pode alterar o resultado.
Alcoolismo e distúrbios nutricionais também podem impactar o exame, afetando a produção de fatores de coagulação.
Erros de coleta como, amostras hemolisadas, garroteamento prolongado ou pouco material coletado, podem ocorrer.

Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.