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A ferritina é uma proteína fundamental no corpo humano, responsável pelo armazenamento e liberação de ferro conforme necessário. O ferro é um mineral essencial para diversas funções biológicas, especialmente para a produção de hemoglobina, a proteína dos glóbulos vermelhos que transporta oxigênio para os tecidos. A ferritina, por ser uma proteína de alto peso molecular que contém ferro, atua como um composto armazenador deste mineral, desempenhando um papel vital na regulação do metabolismo do ferro.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que é a ferritina, suas funções no organismo, as causas e sintomas associados a níveis altos ou baixos de ferritina, e como corrigir essas condições. Também abordaremos a importância de monitorar os níveis de ferritina durante a gravidez e em crianças, além de fornecer tabelas de referência para ajudar na interpretação dos resultados de exames.
O que é Ferritina?
A ferritina é uma proteína essencial que tem a função de armazenar o ferro no nosso corpo, liberando-o quando necessário. Ela é encontrada dentro das células, especialmente no fígado, baço, medula óssea e músculos. Esse ferro armazenado é essencial para muitas funções do organismo, especialmente para a produção de hemoglobina, a proteína que permite aos glóbulos vermelhos transportar oxigênio por todo o corpo.
Como a Ferritina Armazena Ferro?
A ferritina pode ser vista como um “depósito de ferro”. Quando os níveis de ferro estão adequados, a ferritina permanece “fechada”, mantendo o ferro armazenado. No entanto, quando o corpo precisa de mais ferro, seja para produzir hemoglobina, ajudar no crescimento celular ou combater infecções, a ferritina “abre” e libera esse ferro para que ele seja utilizado. Esse mecanismo ajuda a regular a quantidade de ferro disponível no organismo, evitando tanto a deficiência quanto o excesso.
Distribuição do Ferro no Corpo
Cerca de dois terços do ferro armazenado no corpo humano estão na forma de ferritina. O restante está na forma de hemossiderina, que é uma versão mais “dura” e menos acessível do ferro armazenado. A hemossiderina é, na verdade, uma forma de ferritina desnaturada, que ocorre quando há um acúmulo maior de ferro do que a ferritina consegue armazenar eficientemente.
A Importância da Ferritina para a Saúde
A ferritina é fundamental porque seus níveis no sangue refletem os estoques de ferro no organismo. Níveis baixos de ferritina indicam que os estoques de ferro estão esgotados, o que pode levar a condições como anemia e fraqueza. Já níveis elevados podem indicar uma sobrecarga de ferro, inflamações ou doenças crônicas. Monitorar esses níveis é essencial para prevenir problemas de saúde relacionados ao ferro.
A Ferritina Como Indicador de Deficiência de Ferro
A ferritina é considerada um dos marcadores mais sensíveis e específicos para detectar deficiências de ferro nos estágios iniciais, antes mesmo de os sintomas se manifestarem. Por isso, exames de ferritina no sangue são muito úteis para monitorar os estoques de ferro, especialmente em pessoas que estão se recuperando de anemia ou outras condições que afetam os níveis de ferro.
Para que Serve a Ferritina?
A função principal da ferritina é manter os níveis de ferro numa faixa saudável, essencial para a produção de hemoglobina. Em situações onde o ferro disponível está baixo, a ferritina libera o ferro armazenado, garantindo que os processos vitais, como o transporte de oxigênio, continuem funcionando adequadamente. Por outro lado, níveis elevados de ferritina podem indicar uma sobrecarga de ferro ou outras condições de saúde, como inflamações crônicas. Nos distúrbios inflamatórios crônicos, nas infecções, na doença neoplásica e na insuficiência renal crônica, observa-se um aumento desproporcional dos níveis de ferritina sérica em relação aos depósitos férricos.
Ferritina Alta: Causas e Sintomas
Causas de Ferritina Alta
Níveis elevados de ferritina podem estar associados a várias condições, incluindo:
- Infecções crônicas: Doenças infecciosas crônicas podem aumentar os níveis de ferritina como parte de uma resposta inflamatória do organismo.
- Doenças inflamatórias: Condições como artrite reumatoide e doença de Crohn podem elevar os níveis de ferritina.
- Sobrecarga de ferro: Hemocromatose é uma condição genética que causa acúmulo de ferro.
- Câncer: Embora a ferritina alta não indique diretamente câncer, pode ser um sinal de doenças hematológicas ou neoplasias.
Sintomas de Ferritina Alta
Os sintomas de níveis elevados de ferritina podem incluir:
- Fadiga e fraqueza.
- Dor nas articulações.
- Problemas hepáticos (como hepatomegalia).
- Muitas vezes, a ferritina alta é assintomática e é detectada apenas por exames de sangue de rotina.
Ferritina Baixa: Causas e Sintomas
Causas de Ferritina Baixa
A ferritina baixa está geralmente associada à anemia ferropriva, uma condição onde há falta de ferro suficiente para a produção de hemoglobina. Outras causas incluem:
- Dietas pobres em ferro: Consumo inadequado de alimentos ricos em ferro.
- Perdas sanguíneas: Menstruações intensas, úlceras ou outras condições que causam perda de sangue.
- Absorção deficiente de ferro: Condições como doença celíaca podem afetar a absorção de ferro pelo organismo.
Sintomas de Ferritina Baixa
Os sintomas de ferritina baixa incluem:
- Fadiga extrema.
- Palidez.
- Falta de ar.
- Fraqueza muscular.
- Em casos graves, pode haver taquicardia e vertigens.
Ferritina Baixa e Câncer
Embora níveis baixos de ferritina possam ser encontrados em pacientes com certas condições, como leucemia, não são um diagnóstico definitivo de câncer. Exames adicionais e uma avaliação clínica são necessários.
Como Aumentar os Níveis de Ferritina
Para aumentar os níveis de ferritina, é importante:
- Consumir alimentos ricos em ferro, como carnes vermelhas, leguminosas (feijão, lentilha) e vegetais de folhas verdes (espinafre, couve).
- Suplementação de ferro pode ser necessária em alguns casos, sempre sob orientação de um profissional de saúde. As determinações de ferritina sérica têm demonstrado ser úteis no controle da recuperação dos depósitos férricos em pacientes, nos quais se administra ferro oralmente, e para determinar quando se pode interromper a terapia.
- Em casos mais severos, ferro intravenoso pode ser recomendado.
Ferritina na Gravidez: Importância e Monitoramento
Durante a gravidez, manter níveis adequados de ferritina é importante para a saúde materna e o desenvolvimento fetal. Estudos recentes Indicam que a ferritina proporciona determinações mais sensíveis, específicas e confiáveis para detectar uma deficiência de ferro nos estágios iniciais. Níveis baixos de ferritina na gravidez podem aumentar o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer. Por isso, a suplementação adequada e o monitoramento regular são essenciais.
Tabela de Ferritina por Idade e Gravidez
Abaixo, uma tabela geral de referência de níveis de ferritina por idade, pode ter uma ligeira variação entre laboratórios, mas no geral é:
Idade | Nível Normal de Ferritina (ng/mL) |
---|---|
Recém-nascido | 25 a 200 ng/mL |
1 mês | 200 a 600 ng/mL |
2 a 5 meses | 20 a 200 ng/mL |
6 meses a 15 anos | 7 a 140 ng/mL |
Homens Adultos | 20 a 340 ng/mL |
Mulheres Adultas | 10 a 300 ng/mL |
Idosos | 30 a 300 ng/mL |
Ferritina Durante a gravidez:
Trimestre | Nível Normal de Ferritina (ng/mL) |
---|---|
Primeiro Trimestre | 30 a 300 ng/mL |
Segundo Trimestre | 20 a 150 ng/mL |
Terceiro Trimestre | 15 a 100 ng/mL |
Conclusão
Monitorar os níveis de ferritina é fundamental para manter a saúde geral e prevenir condições relacionadas ao ferro. Tanto níveis elevados quanto baixos de ferritina podem indicar problemas de saúde subjacentes e devem ser avaliados por um profissional de saúde. Se você tiver sintomas de ferritina alta ou baixa, consulte um médico para um diagnóstico e tratamento adequado.
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Dúvidas Frequentes
Geralmente não requer jejum, mas pode ajudar para obter resultados mais precisos. É recomendável que o paciente faça um jejum de, no mínimo, 4 horas antes da coleta.
É preocupante e merece atenção quando os níveis de ferritina ultrapassam os limites estabelecidos dos valores de referência, que são para mulheres, superiores a 300 ng/mL, e para homens, superiores a 340 ng/mL, lembrando que esses valores podem variar entre laboratórios.
Para repor a ferritina baixa, você pode:
- Aumentar a ingestão de ferro: Consuma alimentos ricos em ferro, como carnes vermelhas, aves, peixes, leguminosas, vegetais de folhas verdes e cereais fortificados.
- Tomar suplementos de ferro: Use suplementos conforme orientação médica, geralmente na forma de ferro ferroso.
- Combinar ferro com vitamina C: A vitamina C melhora a absorção do ferro, então inclua alimentos ricos em vitamina C, como laranjas e kiwis, nas refeições.
- Evitar inibidores de absorção: Reduza o consumo de café, chá e alimentos ricos em cálcio durante as refeições, pois podem inibir a absorção do ferro.
Nota: Use suplementos conforme orientação médica, não faça por conta própria.
Pode causar anemia, fadiga, fraqueza, dificuldade de concentração, queda de cabelo, unhas frágeis e sistema imunológico enfraquecido. É essencial procurar orientação médica para tratamento adequado.
Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. Possui especialização em Patologia Clínica, pós-graduado em Biomedicina Estética Avançada, atua na área de diagnóstico clínico hospitalar, desde o início de sua carreira em 2018.