A prolactina é um hormônio essencial produzido pela glândula pituitária (hipófise), atuando na regulação da produção de leite e em funções metabólicas. Alterações nos seus níveis podem indicar desequilíbrios hormonais, afetando a saúde reprodutiva e o metabolismo em homens e mulheres.
Neste artigo, explicarei o que é a prolactina, suas funções e as principais causas para sua elevação ou redução. Além disso, abordaremos como essas mudanças podem impactar o organismo e quais sintomas merecem atenção.
Também discutiremos os métodos de diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis. Com isso, você poderá compreender melhor os desequilíbrios hormonais e como lidar com eles de forma eficaz.
O Que é Prolactina?
A prolactina (PRL) é um hormônio produzido pelas células anteriores da glândula pituitária (hipófise), localizada na base do cérebro. A produção é regulada pelo hipotálamo, enquanto o hormônio liberador de tirotropina (TRH) atua como um estímulo para a sua secreção.
Qual a Função?
A principal função fisiológica é estimular e manter a produção de leite nas mulheres após o parto. Os níveis normais variam ao longo do dia, sendo geralmente 2 a 3 vezes maiores à noite do que durante o dia, e podem apresentar ligeiros aumentos no meio do ciclo menstrual.
Nos indivíduos saudáveis, as concentrações aumentam em resposta a estímulos fisiológicos como sono, exercício físico, estimulação dos mamilos, relações sexuais, hipoglicemia, gravidez e estresse cirúrgico.
Para Que Serve?
A prolactina é essencial para a lactação, mas também está envolvida em outras funções, como regulação do sono e metabolismo. Níveis normais ajudam a manter o equilíbrio hormonal, enquanto a níveis alta ou baixa pode indicar problemas de saúde. O exame é realizado para avaliar desequilíbrios hormonais e diagnosticar condições subjacentes.
Relação Durante a Gravidez
Durante a gravidez, os níveis aumentam significativamente, atingindo seu pico na oitava semana, e continuam a crescer durante toda a gestação. Na ausência de aleitamento materno, os níveis voltam ao normal em até três semanas após o parto.
Quais as Causas e Riscos?
Quando os níveis no sangue estão acima do normal, em alguns casos pode afetar a fertilidade, causar alterações menstruais nas mulheres e impactar a função sexual nos homens.
As principais causas incluem:
- Tumores Hipofisários (Prolactinomas):
São tumores benignos que produzem prolactina em excesso, sendo a principal causa de prolactina alta.
- Medicamentos:
Antipsicóticos, antidepressivos e alguns medicamentos para hipertensão, como a metoclopramida, podem aumentar os níveis de prolactina.
- Doenças Hipotalâmicas:
Lesões no hipotálamo podem prejudicar o controle da prolactina.
- Insuficiência Renal Crônica:
A função renal comprometida pode resultar em acúmulo de prolactina no sangue.
- Hipotireoidismo:
A falta de hormônios tireoidianos leva a um aumento compensatório da prolactina, mas tratar o hipotireoidismo pode normalizar os níveis.
- Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP):
Mulheres com SOP podem apresentar prolactina alta, embora o mecanismo exato ainda seja investigado.
- Estresse e Gravidez:
Situações de estresse intenso ou gravidez podem causar aumentos temporários nos níveis de prolactina.
Sintomas de Prolactina Alta: O Que Observar?
Os sintomas variam entre homens e mulheres, mas é importante reconhecer os sinais.
Prolactina Alta Em Mulheres:
- Alterações Menstruais: Ciclos irregulares, amenorreia ou oligomenorreia.
- Galactorréia: Produção de leite fora do período de amamentação.
- Infertilidade: Dificuldades para engravidar.
Prolactina Alta Em Homens:
- Disfunção Erétil: Problemas para manter uma ereção.
- Diminuição da Libido: Redução do desejo sexual.
- Ginecomastia: Aumento do tecido mamário, gerando desconforto.
Qual a Relação Com o Ganho de Peso
Muitas pessoas perguntam se a prolactina alta engorda. A resposta é que, indiretamente, sim. Alterações hormonais, como a prolactina elevada, podem interferir no metabolismo, promovendo ganho de peso, retenção de líquidos e aumento do apetite.
Qual a Relação com o Sono
Quando os níveis estão altos pode causar sonolência excessiva, um sintoma frequentemente relatado por pacientes. Isso ocorre porque o hormônio está envolvido na regulação do ciclo do sono.
Prolactina em 40ng/ml é Alta?
Níveis em torno de 40 ng/mL são considerados elevados e indicam geralmente a necessidade de investigação adicional para identificar a causa subjacente. Consultar um endocrinologista é essencial para um diagnóstico preciso.
Veja aqui como interpretar os resultados.
Diagnóstico da Prolactina Alta
O diagnóstico envolve uma série de exames para avaliar os níveis hormonais e investigar possíveis causas.
- Dosagem de Prolactina no Sangue: Este é o principal exame para confirmar a hiperprolactinemia.
- Ressonância Magnética (RM): Avalia a presença de prolactinomas na hipófise.
- Avaliação da Função Tireoidiana: Inclui TSH e T4-livre para descartar hipotireoidismo.
- Exames de Função Renal: Ureia e creatinina ajudam a identificar insuficiência renal.
Tratamento da Prolactina Alta
O tratamento da prolactina alta depende da causa subjacente, podendo envolver medicamentos, ajustes hormonais ou, em casos graves, cirurgia. Se a elevação for secundária a outra condição, tratar a causa primária muitas vezes é suficiente para normalizar os níveis. Em situações mais complexas, a radioterapia pode ser uma alternativa. A seguir, exploramos as principais abordagens terapêuticas.
Tratamentos
Medicamentos: Agonistas da dopamina, como cabergolina e bromocriptina, são usados para tratar prolactinomas e reduzir os níveis de prolactina.
Correção de Causas Secundárias: Ajustar medicamentos ou tratar condições como o hipotireoidismo pode normalizar a prolactina.
Cirurgia: Indicada para casos em que os prolactinomas não respondem a medicamentos.
Radioterapia: Em situações raras, a radioterapia pode ser uma opção.
Conclusão
A prolactina alta pode causar diversos problemas de saúde, desde sintomas leves até condições mais sérias. É fundamental que qualquer alteração nos níveis de prolactina seja investigada com cuidado por um profissional de saúde, garantindo um tratamento adequado e uma melhor qualidade de vida.
Perguntas Frequentes
É recomendável que o paciente faça um jejum de, no mínimo, 4 horas antes da coleta.
Sim. Para garantir a precisão nos resultados do exame de prolactina, é aconselhável que o paciente descanse por 30 minutos antes da coleta de sangue. Esse repouso é especialmente importante para aqueles que passaram por estímulos que podem elevar temporariamente os níveis de prolactina, como exercícios físicos, relações sexuais, episódios de hipoglicemia e situações de estresse. Esses fatores podem causar um aumento transitório da prolactina, afetando a interpretação dos resultados e levando a diagnósticos incorretos. O descanso pré-coleta ajuda a estabilizar os níveis hormonais, proporcionando uma avaliação mais precisa da prolactina no organismo.
Aviso Importante: Alguns laboratórios podem não seguir as orientações adequadas para a coleta do exame de prolactina. Para garantir resultados mais precisos, é essencial que você esteja ciente dessas recomendações e as siga corretamente.
Doenças Relacionadas à Alteração dos Níveis de Prolactina:
- Tumores Hipofisários (Prolactinomas): Tumores benignos da hipófise que causam aumento da produção de prolactina, levando a alterações menstruais, galactorréia, disfunção erétil e infertilidade.
- Hipotireoidismo: Pode estimular a produção excessiva de prolactina devido à baixa regulação dos hormônios da tireoide, causando fadiga, ganho de peso e distúrbios menstruais.
- Galactorréia: Secreção de leite fora do período de amamentação, frequentemente associada a níveis elevados de prolactina.
- Infertilidade: A prolactina elevada interfere na ovulação e na produção de hormônios sexuais, podendo causar infertilidade em mulheres e reduzir a qualidade do esperma em homens.
Essas condições destacam a importância de um diagnóstico correto e do controle adequado dos níveis de prolactina, com acompanhamento médico para definir o melhor tratamento.
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Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. Mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.