O exame de testosterona total, testosterona livre e SHBG (Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais) são fundamentais para avaliar a saúde hormonal em homens e mulheres. Esses testes ajudam a identificar disfunções como hipogonadismo, Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), resistência à insulina e outras condições metabólicas e reprodutivas.
Neste artigo, te oriento de forma prática e rápida, o que cada exame avalia, os valores de referência, a interpretação dos resultados e como esses dados orientam o diagnóstico clínico.
O Que São Testosterona Total, Testosterona Livre e SHBG?
Testosterona Total
É a soma da testosterona ligada às proteínas (principalmente SHBG e albumina) mais a testosterona livre. Representa o total de testosterona circulante no sangue.
Testosterona Livre
É a fração da testosterona que não está ligada a proteínas e, portanto, biologicamente ativa, capaz de exercer efeitos nos tecidos.
SHBG
É uma proteína produzida pelo fígado que se liga à testosterona e outros hormônios sexuais, regulando a quantidade disponível (livre) para o organismo.
Ou seja, quanto mais SHBG (Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais) circulante, menos hormônio livre (ativo) estará disponível para agir nos tecidos. Isso pode causar sintomas de deficiência hormonal, mesmo com níveis totais normais.
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Por Que Avaliar os Três Exames Juntos?
A testosterona total pode estar nos valores normais, mas a testosterona livre pode estar baixa se a SHBG estiver alta, reduzindo a biodisponibilidade do hormônio. Por isso, avaliar somente a testosterona total pode levar a diagnósticos equivocados.
Valores de Referência Testosterona Total, Testosterona Livre e SHBG
Exame | Valores de Referência (ng/dL ou nmol/L) |
---|---|
Testosterona Total (homens 18–66 anos) | 175 a 781 ng/dL |
Testosterona Total (mulheres 21-73 anos) | 10 a 75 ng/dL |
Testosterona Livre (homens 17-40 anos) | 3,4 a 24,6 ng/dL |
Testosterona Livre (mulheres, fases do ciclo) | 0,18 a 2,34 ng/dL |
SHBG (homens adultos) | 13 a 89 nmol/L |
SHBG (mulheres pré-menopausa) | 18,2 a 135,7 nmol/L |
Como Interpretar os Resultados?
Testosterona Total Baixa
Pode indicar hipogonadismo ou deficiência androgênica, principalmente se acompanhada de sintomas como fadiga, baixa libido e perda de massa muscular.
Testosterona Livre Baixa
Mais sensível para detectar deficiência, especialmente quando a testosterona total está normal, mas a SHBG está elevada.
SHBG Alta
Aumenta a ligação da testosterona, reduzindo a fração livre e ativa, podendo causar sintomas de deficiência hormonal mesmo com testosterona total normal.
SHBG Baixa
Pode aumentar a testosterona livre, mas também está associada a condições como obesidade, resistência à insulina e doenças hepáticas, que impactam o metabolismo hormonal.
Exemplos de Diagnóstico Combinado
Situação | Possível Diagnóstico |
---|---|
Testosterona Total baixa + SHBG normal | Hipogonadismo clássico |
Testosterona Total normal + SHBG alta | Baixa testosterona livre (deficiência funcional) |
Testosterona Total normal + SHBG baixa | Excesso de testosterona livre ou resistência à insulina |
Testosterona alta + SHBG baixa | Uso de anabolizantes ou tumores produtores de andrógenos |
Sintomas Comuns Associados
Sintomas de Testosterona Baixa | Sintomas de Testosterona Alta |
---|---|
Fadiga, baixa libido, perda de massa muscular | Agressividade, acne severa, aumento muscular |
Dificuldade de ereção | Queda de cabelo, crescimento de pelos em locais incomuns (mulheres) |
Depressão, irritabilidade | Hiperatividade, alterações de humor |
Conclusão
O exame conjunto de testosterona total, testosterona livre e SHBG oferece uma avaliação hormonal mais completa e precisa. Isso evita erros de diagnóstico e orienta tratamentos mais adequados.
Se você apresenta sintomas relacionados a desequilíbrios hormonais, procure um endocrinologista para avaliação detalhada e interpretação profissional dos exames.
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Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. Mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.