A gasometria venosa é um exame importante para avaliar o equilíbrio ácido-base e o metabolismo, especialmente em situações clínicas diversas. A correta interpretação da gasometria venosa permite identificar alterações no pH, bicarbonato e So2 (saturação de oxigênio), auxiliando em decisões clínicas mais precisas.
Mas afinal, gasometria venosa para que serve? Dói? Como é feita? Quais os valores normais e o que significam alterações como SO₂ baixo? Neste artigo completo, vou te explicar de forma clara e atualizada, com base nas evidências científicas mais recentes e otimizado para quem busca compreender a gasometria venosa interpretação de forma prática e didática.
O que é Gasometria Venosa?
A gasometria venosa é um exame que mede o pH, a concentração de bicarbonato (HCO₃⁻), dióxido de carbono (pCO₂), lactato e, em alguns casos, a saturação de oxigênio venoso (SO₂), a partir de uma amostra de sangue venoso.
Embora não forneça dados confiáveis sobre a oxigenação como a gasometria arterial, a gasometria venosa tem excelente correlação com parâmetros metabólicos, sendo útil no diagnóstico e monitoramento de distúrbios como acidose metabólica e cetoacidose diabética.
Gasometria Venosa: Para que Serve?
A principal função da gasometria venosa é avaliar o equilíbrio ácido-base do organismo em situações clínicas como:
Cetoacidose diabética (CAD)
Insuficiência renal aguda ou crônica
Distúrbios eletrolíticos
Choque séptico ou hipovolêmico
Monitoramento do lactato (nem todos os laboratórios oferecem esse parâmetro na gasometria venosa)
Avaliação pré-operatória em pacientes com risco metabólico
Além disso, é uma alternativa viável quando a gasometria arterial não é possível, como em pacientes com problemas de circulação ou coagulopatias.
Gasometria Venosa: Como é Feita?
A coleta é semelhante à de exames laboratoriais comuns, o que a torna menos invasiva do que a arterial.
Etapas do procedimento:
Realizada por punção venosa (geralmente em veia do braço).
Coleta feita com seringa heparinizada.
A amostra deve ser analisada em até 15 minutos para garantir a acurácia dos resultados.
Pode ser realizada em leito hospitalar, ambulatório ou pronto-socorro.
Gasometria Venosa Dói?
Uma das perguntas mais frequentes que me fazem é: gasometria venosa dói? A resposta é que dói menos do que a arterial, já que a coleta é venosa, como em exames de sangue comuns.
O desconforto geralmente é mínimo, especialmente quando comparado à punção arterial, que pode ser mais dolorosa e apresentar risco maior de complicações como hematomas e espasmos arteriais.
Gasometria Venosa: Valores de Referência
Os valores de referência podem variar ligeiramente conforme o laboratório e o estado clínico do paciente, mas, em geral são:
Parâmetro | Valor de Referência |
---|---|
pH venoso | 7,32 — 7,43 |
pCO₂ venoso | 38 – 50 mmHg |
HCO₃⁻ (bicarbonato) | 22 – 29 mEq/L |
SO₂ venosa (saturação) | 60 — 75% |
Lactato | 0,5 — 2,2 mmol/L |
Atenção: A saturação de oxigênio (SO₂) venosa baixa pode ser um sinal de má perfusão tecidual, como em choque séptico.
Gasometria Venosa: Interpretação Passo a Passo
1. Avalie o pH
< 7,32: Acidose
> 7,43: Alcalose
2. Analise o pCO₂
Aumento do pCO₂: Sugere acidose respiratória
Redução do pCO₂: Sugere alcalose respiratória
3. Verifique o Bicarbonato (HCO₃⁻)
< 22: Acidose metabólica
> 29: Alcalose metabólica
4. Interprete a saturação venosa de oxigênio (SO₂)
SO₂ venosa baixa (< 60%): Pode indicar hipóxia tecidual, sepse ou disfunção mitocondrial.
Gasometria Venosa Alterada: O Que Pode Ser?
Resultados alterados podem indicar:
Acidose metabólica: Cetoacidose diabética, insuficiência renal, intoxicações
Alcalose metabólica: Vômitos persistentes, uso de diuréticos
Acidose respiratória: Hipoventilação, DPOC
Alcalose respiratória: Ansiedade, hiperventilação
SO₂ venosa baixa: Perfusão inadequada, estados de choque (em casos graves)
Gasometria Venosa x Gasometria Arterial
Aspecto | Gasometria Arterial | Gasometria Venosa |
---|---|---|
pO₂ / SaO₂ | Precisos | Pouco confiáveis |
pH / HCO₃⁻ | Alta exatidão | Boa correlação |
pCO₂ | Referência padrão | Varia até 5-8 mmHg |
Indicações principais | Avaliação respiratória | Avaliação metabólica |
Invasividade | Mais invasiva | Menos invasiva |
Na cetoacidose diabética, por exemplo, a gasometria venosa é amplamente utilizada, pois o pH e o bicarbonato venosos têm correlação suficientemente boa com os arteriais para orientar o tratamento.
Gasometria Venosa Baixa: Quando se Preocupar?
Um pH venoso abaixo de 7,20, especialmente quando associado a bicarbonato < 19 mEq/L e lactato elevado, indica acidose grave e requer intervenção imediata.
Além disso, a SO₂ venosa baixa (< 60%) pode ser um marcador de hipoperfusão e deve ser investigada rapidamente.
Conclusão
A gasometria venosa é uma ferramenta valiosa, prática e menos invasiva que a arterial. Apesar de suas limitações, especialmente na avaliação da oxigenação, ela fornece dados relevantes sobre o estado metabólico do paciente, sendo extremamente útil em emergências, UTIs e no manejo de condições como cetoacidose, insuficiência renal e sepse.
Se você tinha dúvidas como “gasometria venosa valores”, “gasometria venosa como é feito” ou “gasometria venosa dói”, espero ter esclarecido neste artigo. Para melhor compreensão, utilize também ferramentas de apoio como calculadoras de distúrbios ácido-base, que auxiliam como na gasometria venosa interpretação.
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Dúvidas Frequentes
Não. A gasometria venosa não exige jejum, mas é importante seguir orientações específicas do laboratório.
É a diminuição do pH sanguíneo abaixo de 7,35, causada por excesso de ácido ou perda de base, podendo ser metabólica ou respiratória.
Nas seguintes ocasiões:
Gasometria arterial: em casos de insuficiência respiratória ou para avaliar oxigenação.
Gasometria venosa: para distúrbios metabólicos, como cetoacidose diabética.
Exames de eletrólitos e lactato venoso podem fornecer informações metabólicas parciais, mas não substituem a precisão da gasometria para pH e bicarbonato.
Em alguns casos, um oxímetro de pulso (no dedo) pode ser usado para monitorar a oxigenação, mas não avalia o equilíbrio ácido-base.

Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. Mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.