VDRL Reagente: O Que Fazer? Significado, Causas e Tratamento

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O exame VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) é um dos principais testes usados no rastreamento da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Quando o laudo traz o termo“VDRL reagente”, é comum surgir preocupação e dúvidas: será que isso significa que a pessoa tem sífilis? É um resultado definitivo ou pode ser um falso positivo? O que fazer a seguir?

Ele é frequentemente solicitado em consultas médicas, exames admissionais, doações de sangue e, especialmente, no pré-natal, pois a sífilis pode causar complicações graves quando transmitida ao bebê

Neste artigo, vou te explicar com clareza:

  • O que é o exame VDRL e para que serve.

  • O verdadeiro significado de VDRL reagente.

  • As diferenças entre reagente e não reagente.

  • O papel das titulações (1/2, 1/8, 1/16, 1/32).

  • As principais causas de falso positivo.

  • Tratamento e cura da sífilis, inclusive na gravidez.

O que é o exame VDRL?

O exame VDRL é um teste sorológico de triagem que detecta anticorpos anticardiolipina, produzidos pelo organismo em resposta a uma infecção pela sífilis.

Principais características:

  • É um exame de triagem, não confirmatório.

  • Pode ser realizado em sangue periférico ou líquor (quando há suspeita de neurossífilis).

  • Faz parte da rotina pré-natal obrigatória e também é solicitado em campanhas de saúde pública.

Limitação do VDRL: Ele não diferencia sífilis ativa de cicatriz sorológica (quando a pessoa já teve sífilis e foi tratada). Por isso, precisa ser associado a um teste treponêmico confirmatório, como o FTA-Abs (absorção de anticorpos treponêmicos fluorescentes) ou o TPHA (teste de hemaglutinação).

O que significa VDRL reagente?

Um resultado do exame VDRL reagente significa que foram encontrados anticorpos no sangue da pessoa, sugerindo uma possível infecção pela sífilis.

Contudo, é essencial entender que:

  • O VDRL não é específico para sífilis. Ele somente indica que o organismo produziu anticorpos que podem estar associados à infecção.

  • Nem todo reagente é positivo definitivo. Há situações de falso positivo, principalmente em titulações baixas.

  • O diagnóstico deve sempre ser confirmado com testes treponêmicos específicos citados a cima.

Exemplo prático: Um paciente com resultado VDRL reagente 1/2 pode ser somente um falso positivo ou uma possível cicatriz sorológica, enquanto outro com VDRL reagente 1/64 está provavelmente com sífilis ativa.

VDRL reagente 1/8, 1/16 e outras titulações

O resultado do exame VDRL apresenta uma titulação, expressa em diluições, que indica a intensidade da resposta imunológica, ou seja, até qual nível o teste reagiu.

  • Títulos baixos (1/2 ou 1/4)
    → Podem ocorrer em falso positivo, cicatriz de infecção antiga ou fase muito inicial.

  • Títulos intermediários (1/8, 1/16)
    → Reforçam a suspeita de sífilis ativa.

  • Títulos altos (≥1/32)
    → Geralmente associados à sífilis em atividade, especialmente nas fases primária e secundária.

  • Monitoramento pós-tratamento
    → O VDRL é usado para acompanhar a resposta ao tratamento, devendo apresentar queda progressiva da titulação até a negativação ou estabilização em títulos baixos, exemplo, reagente 1/1 ou 1/2.

Diferença entre VDRL reagente e não reagente

  • Exame VDRL não reagente: Não há indícios de anticorpos detectáveis contra a sífilis. Porém, se o exame foi feito logo após a exposição (período de janela imunológica), pode ser necessário repeti-lo.

  • Exame VDRL reagente: Indica presença de anticorpos, mas pode significar:

    • Infecção ativa.

    • Infecção antiga já tratada (cicatriz).

    • Falso positivo.

Por isso, a interpretação correta depende da associação entre o exame laboratorial, histórico clínico e avaliação médica.

Causas de falso positivo no VDRL

O VDRL pode ser falsamente reagente, principalmente em títulos baixos (1/2 ou 1/4).

As principais situações são:

  • Doenças autoimunes: lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, síndrome antifosfolípide (SAF).

  • Infecções virais e bacterianas: HIV, hepatites, tuberculose.

  • Gravidez: alterações imunológicas transitórias podem interferir no exame.

  • Vacinações recentes.

  • Uso de drogas ilícitas.

Estima-se que até 2% da população saudável possa apresentar VDRL falso positivo.

VDRL reagente: o que fazer?

Se o resultado do seu exame foi VDRL reagente, siga estas etapas:

  1. Não entre em pânico — o resultado isolado não é definitivo para sífilis.

  2. Procure um médico — infectologista, ginecologista, urologista ou clínico geral.

  3. Faça um teste confirmatório treponêmico — FTA-Abs ou TPHA.

  4. Evite relações sexuais sem proteção até a definição diagnóstica.

  5. Comunique parceiros sexuais em caso de diagnóstico confirmado.

Atenção: O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para interromper a transmissão e evitar complicações como sífilis congênita e neurossífilis.

Sintomas e Fases da Sífilis

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível que evolui em estágios distintos. Cada fase apresenta sintomas específicos, que podem variar em intensidade e duração. Sem tratamento adequado, a doença pode progredir silenciosamente, causando complicações graves.

Sífilis primária

Na fase inicial, surge uma úlcera indolor chamada cancro duro, geralmente na região genital, anal ou oral. Essa lesão desaparece sozinha em algumas semanas, o que leva muitas pessoas a não procurarem atendimento médico. Mesmo sem sintomas, a bactéria continua circulando no organismo.

Sífilis secundária

Após algumas semanas ou meses, podem aparecer manchas na pele (rosadas ou acastanhadas), que não coçam, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés. Outros sintomas comuns incluem febre, mal-estar, queda de cabelo, dor de cabeça e ínguas (gânglios aumentados).

Sífilis latente

Nesta fase, a doença não apresenta sintomas, mas o exame VDRL permanece reagente. A sífilis latente pode durar anos, e só é detectada por exames laboratoriais. Mesmo sem sinais clínicos, ainda existe risco de transmissão, especialmente nos primeiros anos da infecção.

Sífilis terciária

É a forma mais grave, surgindo em cerca de 30% dos casos não tratados. Pode causar danos neurológicos, cardiovasculares e lesões destrutivas em órgãos e tecidos. As complicações incluem neurossífilis, aneurismas e prejuízos cognitivos irreversíveis.

Tratamento para VDRL reagente

O tratamento da sífilis é padronizado e recomendado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Medicamento de escolha:

  • Penicilina benzatina (Benzetacil®), administrada por via intramuscular.

Esquema terapêutico conforme estágio da doença:

  • Sífilis primária, secundária ou latente recente (<1 ano): 2,4 milhões UI em dose única.

  • Sífilis latente tardia ou terciária: 7,2 milhões UI, divididas em três doses semanais.

  • Sífilis congênita: tratamento específico conforme protocolo pediátrico.

  • Gestantes: tratamento obrigatório com penicilina, ao ser a única droga segura e eficaz para o bebê.

Observação importante: pacientes alérgicos à penicilina devem passar por processo de dessensibilização, já que não há substituto igualmente eficaz.

VDRL reagente tem cura?

Sim. A sífilis tem cura quando diagnosticada e tratada adequadamente.

  • Após o tratamento, os títulos do VDRL devem ser monitorados a cada 3, 6 e 12 meses.

  • A resposta esperada é a redução de, pelo menos, duas diluições em até 6 meses.

  • Em alguns casos, o exame pode permanecer em títulos baixos (cicatriz sorológica), sem risco de transmissão.

VDRL reagente na gravidez

Durante a gestação, a realização do exame VDRL é obrigatória no pré-natal e no momento do parto.

Riscos da sífilis não tratada na gravidez:

  • Sífilis congênita.

  • Aborto espontâneo.

  • Natimorto.

  • Prematuridade.

  • Malformações e complicações graves no recém-nascido.

Boa notícia: com tratamento adequado e precoce, é possível eliminar o risco de transmissão vertical e garantir a saúde do bebê.

Conclusão

O resultado do exame VDRL reagente deve ser visto como um alerta clínico, não como diagnóstico definitivo. Ele indica a necessidade de exames complementares, avaliação médica e, se confirmado, início imediato do tratamento com penicilina.

A boa notícia é que, quando tratada corretamente, a sífilis é curável e as complicações graves podem ser evitadas. Na gravidez, o cuidado é ainda mais essencial para proteger a vida do bebê.

Manter exames de rotina, praticar sexo seguro e procurar atendimento médico diante de alterações laboratoriais são as melhores formas de prevenção e controle dessa infecção.​

 

Perguntas Frequentes

Sim, mas o teste tem um período de janela imunológica de 2 a 6 semanas; resultados antes desse período podem não refletir a infecção.

Sim, mesmo títulos baixos podem indicar infecção ativa e risco de transmissão sexual ou vertical, especialmente se não houve tratamento.

Normalmente não altera exames como hemograma ou função hepática, mas pode interferir em testes sorológicos que detectam anticorpos similares.

Após um resultado reagente, a prevenção envolve uso de preservativos, acompanhamento médico e tratamento do paciente e parceiros para evitar reinfecção.

Raramente. Sem tratamento, a sífilis pode progredir ou permanecer subclínica; a negativação espontânea é incomum e não elimina o risco de complicações.

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-z/ist/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-as-pessoas-com-ist/view. Acesso em: 6 set. 2025.

  2. CDC. Laboratory Recommendations for Syphilis Testing. MMWR Recommendations and Reports, v. 73, n. 1, p. 1-10, 2024. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/73/rr/rr7301a1.htm. Acesso em: 6 set. 2025.

  3. Guo, L. False Positive VDRL Results Mnemonic. Osmosis, 2024. Disponível em: https://www.osmosis.org/answers/VDRL-false-positive-VDRL-results-mnemonic. Acesso em: 6 set. 2025.

  4. Ahmed, G. Post-COVID-19 biologically false-positive VDRL: A report. Journal of Clinical Microbiology, 2022. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8958288/. Acesso em: 6 set. 2025.

  5. Treger, R. Advances in Syphilis Diagnostics to Address the 21st-Century Challenges. Clinical Chemistry, 2025. Disponível em: https://academic.oup.com/clinchem/advance-article/doi/10.1093/clinchem/hvaf072/8161386. Acesso em: 6 set. 2025.

  6. Gao, Z. Advances in laboratory diagnostic methods for syphilis. Frontiers in Public Health, 2022. Disponível em: https://www.frontiersin.org/journals/public-health/articles/10.3389/fpubh.2022.1030480/full. Acesso em: 6 set. 2025.

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