Os exames pré-natal é uma etapa fundamental para garantir a saúde da gestante e do bebê. Durante a gravidez, diversos exames laboratoriais e de imagem são solicitados para monitorar o desenvolvimento fetal, identificar doenças precocemente e prevenir complicações. Entender cada exame realizado no pré-natal ajuda a aumentar a segurança da gestação e a tranquilidade da futura mãe.
Neste guia completo, você vai conhecer todos os exames de pré-natal, organizados por trimestre, além de um checklist detalhado para não esquecer nenhum.
Principais exames realizados no início do pré-natal
Tipagem sanguínea e fator Rh
Esse exame determina o tipo sanguíneo da gestante (A, B, AB ou O) e o fator Rh (positivo ou negativo).
Por que é importante? Caso a mãe seja Rh negativo e o pai Rh positivo, há risco de incompatibilidade sanguínea. Nesse caso, deve ser realizado o teste de Coombs Indireto durante a gestação.
Conduta médica: Após o parto, se o bebê nascer com Rh positivo, a gestante deve receber a vacina imunoglobulina anti-D em até 72 horas, disponível pelo SUS. Essa medida evita complicações em gestações futuras.
Hemograma completo
Exame de sangue que avalia hemácias, hemoglobina, hematócrito, leucócitos e plaquetas.
Por que é importante? Permite identificar anemia na gravidez, condição comum que pode trazer riscos, como parto prematuro e baixo peso do bebê.
Prevenção: Se detectada anemia ferropriva, o médico orienta dieta rica em ferro e suplementação quando necessário.
Eletroforese de hemoglobina
Exame que analisa variantes da hemoglobina no sangue.
Objetivo: Diagnosticar doenças hereditárias como anemia falciforme e talassemia, que podem impactar a gestação e exigir acompanhamento especializado.
Glicemia em jejum
Avalia os níveis de açúcar no sangue.
Importância: Detecta precocemente casos de diabetes pré-existente ou diabetes gestacional.
Risco da glicemia alta na gestação: Pode levar a complicações como excesso de líquido amniótico, parto prematuro e macrossomia fetal (bebê grande para a idade gestacional).
Exame de urina (EAS) e urocultura
Analisam a presença de infecção urinária, comum na gravidez.
Por que é relevante? Infecções não tratadas podem causar parto prematuro ou baixo peso ao nascer.
Conduta médica: Caso seja detectada bacteriúria, o tratamento com antibióticos seguros deve ser iniciado.
Exame preventivo de câncer do colo do útero (Papanicolau)
Avalia alterações celulares e presença do HPV.
Importância: Mesmo durante a gravidez, pode ser indicado caso a mulher não esteja em dia com o rastreamento.
Benefício: Previne o câncer do colo do útero, silencioso em fases iniciais.
Teste rápido de sífilis e VDRL
O exame VDRL é um dos principais testes utilizados no rastreamento da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, sendo fundamental para diagnóstico precoce e acompanhamento do tratamento.
Risco na gestação: A sífilis pode ser transmitida ao bebê (sífilis congênita), causando malformações e até óbito fetal.
Tratamento: É feito com penicilina benzatina, aplicada na gestante e no parceiro.
Teste de HIV
Fundamental para rastrear o vírus da imunodeficiência humana.
Importância: Detectar precocemente permite iniciar o tratamento antirretroviral, reduzindo drasticamente o risco de transmissão ao bebê durante a gestação, parto e amamentação.
Teste de malária (para regiões endêmicas)
Obrigatório para gestantes que vivem ou visitam a região amazônica.
Por que é essencial? A malária na gravidez aumenta o risco de aborto, anemia e mortalidade materna e fetal.
Testes para hepatite B (AgHBs) e hepatite C (anti-HCV)
Identificam contato atual ou prévio com os vírus.
Conduta: Caso positivo para hepatite B, o bebê deve receber vacina e imunoglobulina logo após o nascimento.
Hepatite C: Se confirmada, a gestante precisa de acompanhamento especializado para evitar complicações hepáticas.
Exame de Toxoplasmose
O exame de toxoplasmose é essencial no pré-natal, ao identificar se a gestante já teve contato com o Toxoplasma gondii, parasita que pode causar complicações graves no bebê, incluindo defeitos congênitos, problemas neurológicos e atraso no desenvolvimento.
O exame é feito por meio de uma amostra de sangue, analisando a presença de anticorpos IgG e IgM.
IgG positivo e IgM negativo: indica imunidade adquirida previamente. A gestante não corre risco de infecção primária, mas deve manter cuidados básicos.
IgM positivo: sugere infecção recente, e o médico pode solicitar exames complementares para confirmar a fase da infecção e iniciar o tratamento adequado.
A prevenção inclui evitar o contato com fezes de gatos, carne crua ou malcozida e lavar bem frutas, verduras e legumes. É um exame que deve ser solicitado preferencialmente no primeiro trimestre, mas pode ser repetido em casos de risco ou suspeita de contágio durante a gestação.
No SUS, o exame de toxoplasmose está disponível como parte do pré-natal básico e garante que medidas preventivas ou tratamentos sejam iniciados rapidamente, protegendo a saúde do bebê.
Exames de imagem no pré-natal
Ultrassom obstétrico inicial
Realizado preferencialmente até a 12ª semana de gestação.
Função: Confirma a gravidez, número de fetos e idade gestacional.
Ultrassom morfológico do 1º trimestre
Período: Entre 11 e 14 semanas.
Objetivo: Avaliar o desenvolvimento inicial do bebê, a translucência nucal (indicador de síndromes genéticas) e a anatomia fetal.
Ultrassom morfológico do 2º trimestre
Período: Entre 20 e 24 semanas.
Importância: É um dos exames mais completos, permitindo visualizar a anatomia fetal, identificar malformações e avaliar a placenta e o líquido amniótico.
Exames de acompanhamento por trimestre
Primeiro trimestre
Tipagem sanguínea e fator Rh
Coombs indireto (se necessário)
Hemograma completo
Glicemia em jejum
Exame de urina e urocultura
Sorologias para HIV, sífilis, hepatites B e C
Ultrassom obstétrico inicial
Segundo trimestre
Ultrassom morfológico
Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) – importante para descartar diabetes gestacional
Novo hemograma para avaliar anemia
Exames de urina periódicos
Terceiro trimestre
Repetição de exames de sangue (hemograma e glicemia)
Sorologias conforme necessidade (sífilis e HIV podem ser repetidos)
Avaliação de crescimento fetal e posição do bebê por ultrassom
Cardiotocografia, se indicada
Exames para o pai durante o pré-natal
A participação paterna também é incentivada. O SUS oferece exames gratuitos, como:
Tipo sanguíneo e fator Rh
Hemograma completo
Glicemia
Eletroforese de hemoglobina
Sorologias para HIV, sífilis e hepatites virais
Essa inclusão fortalece o vínculo familiar e previne doenças que podem impactar a saúde do casal e do bebê.
Conclusão
O pré-natal completo inclui um conjunto de exames laboratoriais, de imagem e até mesmo para o pai, todos com o objetivo de proteger a saúde da mãe e do bebê. Manter uma pasta organizada com todos os resultados garante mais segurança, facilita o acompanhamento médico e assegura que nenhum exame importante seja esquecido.
O cuidado durante a gestação é um investimento na vida e no futuro da criança.
Perguntas Frequentes
O Ministério da Saúde recomenda no mínimo 6 consultas de pré-natal: uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro. Em gestações de risco, esse número pode ser maior.
Não. Apenas exames como glicemia em jejum e perfil lipídico exigem jejum. Outros, como hemograma e sorologias, podem ser feitos sem preparo específico.
Não é obrigatório, mas altamente recomendado. O ultrassom inicial confirma a gravidez, enquanto os morfológicos ajudam a identificar malformações precocemente.
Não é obrigatório, mas é incentivado. O SUS oferece exames gratuitos para o pai, fortalecendo o acompanhamento familiar e prevenindo doenças.
O ultrassom morfológico e o exame de translucência nucal ajudam a identificar alterações sugestivas de síndromes genéticas, mas não são diagnósticos definitivos. Em casos suspeitos, o médico pode solicitar exames complementares.
Sim, os exames básicos e essenciais estão disponíveis gratuitamente na rede pública, incluindo hemograma, tipagem sanguínea, sorologias e ultrassons.
Sim. Pular exames importantes pode atrasar o diagnóstico de condições como diabetes gestacional, sífilis ou anemia, que trazem riscos para mãe e bebê.
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Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. Mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.