O exame de proteína total é um dos testes laboratoriais mais solicitados em check-ups e investigações clínicas. Ele fornece informações valiosas sobre o estado nutricional, a função hepática, a função renal e até sobre doenças relacionadas ao sistema imunológico. A interpretação correta desse exame ajuda médicos a identificar alterações precoces e direcionar condutas adequadas.
Neste guia completo, vou te explicar:
- O que é a proteína total e suas frações (albumina e globulinas).
- Para que serve esse exame e quando ele é solicitado.
- Quais são os valores de referência e o que significam resultados altos ou baixos.
- A relação da proteína total com doenças como as do fígado, rins e mieloma múltiplo.
- Como se preparar para o exame e quanto ele custa.
O que é o exame de proteína total?
A proteína total é a soma de todas as proteínas presentes no seu sangue, sendo as mais importantes a albumina e as globulinas. Essas proteínas são vitais para o bom funcionamento do corpo, desempenhando funções como:
- Transporte: carregam hormônios, vitaminas, minerais e medicamentos pelo corpo.
- Pressão Osmótica: ajudam a manter a quantidade correta de líquidos nos tecidos e vasos sanguíneos.
- Defesa Imunológica: as globulinas são a base dos anticorpos que combatem infecções.
- Coagulação: essenciais para a formação de coágulos e cicatrização de feridas.
O exame de proteína total é simples e rápido, feito a partir de uma amostra de sangue, normalmente coletada na veia do braço.
Para que serve o exame de proteína total?
A dosagem da proteína total é um marcador essencial que auxilia o médico na avaliação de diversas condições, como:
- Estado Nutricional: níveis baixos de proteína podem sugerir desnutrição ou problemas de absorção de nutrientes.
- Função do Fígado: como a maioria das proteínas é produzida no fígado, alterações nos valores podem indicar doenças hepáticas (como cirrose e hepatite).
- Função Renal: o exame ajuda a detectar perdas excessivas de proteína na urina, que podem ser um sinal de problemas renais (como a síndrome nefrótica).
- Doenças Inflamatórias e Infecciosas: processos inflamatórios crônicos podem aumentar os níveis de globulinas no sangue.
- Doenças Hematológicas: é um teste fundamental na investigação de doenças como o mieloma múltiplo, que causa a produção excessiva de proteínas anormais.
Como interpretar o exame de proteína total?
Os valores de referência do exame de proteína total variam conforme o laboratório e métodos utilizados, mas ficam geralmente entre 6,0 e 8,3 g/dL.
Proteína Total Alta
Níveis elevados de proteína total podem estar associados a:
- Desidratação (causa mais comum).
- Inflamações crônicas ou infecções.
- Doenças autoimunes (como lúpus).
- Doenças hematológicas, como o mieloma múltiplo.
Proteína Total Baixa
A queda nos níveis de proteína total pode ser um sinal de:
- Desnutrição ou má absorção intestinal.
- Doenças hepáticas (cirrose ou insuficiência do fígado).
- Doenças renais, que causam perda de proteínas na urina.
- Queimaduras graves.
Exame de proteína total e frações (proteinograma)
Para uma análise mais detalhada, o médico pode solicitar o proteinograma ou eletroforese de proteínas, que separa e mede as principais frações da proteína total: a albumina e as globulinas.
Albumina baixa → indica comprometimento hepático, desnutrição ou perdas renais.
Globulinas altas → podem sugerir processos inflamatórios crônicos, doenças autoimunes ou neoplasias hematológicas.
Exame de proteína total: valor de referência
Embora cada laboratório possa adotar pequenos ajustes com variações em métodos, os valores médios de referência são:
Valores de referência da proteína total
Faixa etária / Condição | Valores de referência (g/dL) |
---|---|
Prematuro | 3,6 a 6,0 g/dL |
Recém-nascidos | 4,6 a 7,0 g/dL |
1 semana | 4,4 a 7,6 g/dL |
7 meses a 1 ano | 5,1 a 7,3 g/dL |
1 a 2 anos | 5,6 a 7,5 g/dL |
Superior a 2 anos | 6,0 a 8,0 g/dL |
Adultos ambulatórios | 6,4 a 8,3 g/dL |
Adultos internados | 6,0 a 7,8 g/dL |
Exame de proteína total: preparação
Não é necessário jejum prolongado. Geralmente recomenda-se:
Jejum de 4 horas (quando solicitado em conjunto com outros exames);
Evitar exercícios intensos antes da coleta;
Informar ao médico sobre o uso de medicamentos que interfiram no resultado.
Exame de proteína total: preço
O preço do exame de proteína total pode variar conforme a região e o laboratório, mas em média custa entre R$ 25,00 e R$ 60,00 em laboratórios particulares. Pelo SUS, o exame pode ser solicitado gratuitamente pelo médico.
Exame de proteína total e doenças relacionadas
Exame de proteína total e fígado
O fígado é responsável pela produção da maioria das proteínas plasmáticas. Doenças hepáticas, como cirrose e hepatite, geralmente levam à redução da albumina e desequilíbrio proteico, além disso, alteram exames como TGO, TGP e Bilirrubina total e frações.
Exame de proteína total e rins
Nos rins, a perda excessiva de proteínas pela urina, especialmente em casos de síndrome nefrótica, provoca redução dos níveis de proteína total no sangue e aumento simultâneo de proteínas na urina, caracterizando a proteinúria.
Proteína total e desnutrição
A desnutrição proteico-calórica reduz a síntese proteica, refletindo diretamente na dosagem da proteína total. Esse exame é frequentemente usado para avaliar pacientes hospitalizados ou em recuperação.
Proteína total e mieloma múltiplo
O mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica caracterizada pela produção anormal de imunoglobulinas. Nesse caso, a proteína total pode estar elevada, mas com alteração significativa nas frações globulinas.
Conclusão
O exame de proteína total é uma ferramenta essencial para avaliar o estado nutricional, a função do fígado e dos rins, além de ajudar na detecção de doenças hematológicas. Apesar de simples e acessível, seu valor diagnóstico é elevado, principalmente quando associado ao proteinograma.
Ao interpretar o exame, é fundamental que os resultados sejam correlacionados com a história clínica, sintomas e outros exames laboratoriais. Assim, o paciente recebe um diagnóstico mais seguro e um tratamento adequado.
Perguntas Frequentes
Não é um exame específico para câncer. No entanto, alterações significativas, como níveis elevados de globulinas, podem levantar suspeita de doenças hematológicas como o mieloma múltiplo, que deve ser confirmado com exames complementares.
Não. A dosagem de proteína total mede a soma de todas as proteínas plasmáticas, enquanto o exame de albumina avalia apenas essa fração específica, que tem grande importância clínica em casos de desnutrição, cirrose e doenças renais.
Normalmente, o resultado é liberado em 1 dia útil em laboratórios particulares. No sistema público de saúde, esse prazo pode variar conforme a demanda local.
Sim. Fatores como desidratação, uso de alguns medicamentos (como corticoides e hormônios) ou coleta inadequada podem influenciar o resultado. Por isso, sempre é importante correlacionar com outros exames e a história clínica.
Sim. O exame é seguro em todas as faixas etárias, desde recém-nascidos até idosos. Em pediatria, é útil para avaliar desnutrição, infecções e doenças hepáticas.
Em alguns casos, sim. Médicos podem solicitar a repetição para monitorar a evolução de doenças crônicas, resposta ao tratamento ou acompanhamento nutricional.
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Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. Mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.