Doenças Subclínicas- saude diagnostica.

Doenças Subclínicas? Exames que Você Precisa Fazer e Por Quê

A Doença subclínica (inflamação subclínica) é uma inflamação silenciosa e de baixo grau que não apresenta sintomas claros, mas pode desencadear diversas doenças crônicas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e obesidade. Diferente da inflamação aguda, que é rápida e visível (dor, febre e vermelhidão), a inflamação subclínica atua de forma lenta e constante.

Neste artigo, você encontrará uma lista completa de exames laboratoriais para detectar essa condição, além de aprender como interpretar os resultados e conhecer as principais estratégias de tratamento.

O que é uma Doença Subclínica? 

Uma doença subclínica é uma condição em que o paciente não apresenta sintomas claros ou perceptíveis, mas já existem alterações bioquímicas e fisiológicas no organismo que podem ser detectadas por exames laboratoriais específicos. Essas condições passam despercebidas em exames de rotina tradicionais, pois muitos médicos não solicitam avaliações mais aprofundadas quando o paciente aparenta estar saudável.

Quais São os Sintomas das Doenças Subclínicas?

Embora não apresente sintomas imediatos, ela tem um impacto significativo na saúde a longo prazo. Esse tipo de inflamação silenciosa está associado ao desenvolvimento de doenças graves, como diabetes tipo 2, síndrome metabólica e aterosclerose. Essas doenças podem se manifestar apenas anos depois, quando a inflamação já comprometeu os órgãos ou funções metabólicas.

Exames para Detectar Inflamação Subclínica e Metabólica

A seguir, apresentamos uma tabela com os exames mais utilizados para detectar inflamação subclínica e distúrbios metabólicos. Os valores de referência fornecem uma base para interpretar os resultados, mas podem variar conforme o laboratório e a metodologia utilizada.

Exame / MarcadorTipoValor de ReferênciaInterpretação
PCR-us (Proteína C-reativa ultrassensível)Positivo< 1 mg/L (baixo risco)
1-3 mg/L (moderado risco)
> 3 mg/L (alto risco)
Indica inflamação crônica de baixo grau e risco cardiovascular elevado.
FibrinogênioPositivo200 a 400 mg/dLNíveis elevados indicam risco de trombose e inflamação.
VHS (Velocidade de Hemossedimentação)PositivoHomens: < 15 mm/h
Mulheres: < 20 mm/h
Sinaliza processos inflamatórios e doenças crônicas.
Interleucina-6 (IL-6)Positivo< 7 pg/mLAumenta em inflamação crônica e doenças autoimunes.
Adiponectina

Positivo

Negativo

IMC Inferior a 25: 3,40 a 19,50 µg/mL
IMC 25 a 30: 2,60 a 13,70 µg/mL
IMC Superior a 30: 1,80 a 9,40 µg/mL

Hormônio anti-inflamatório; níveis baixos estão associados à obesidade e resistência à insulina.

Níveis elevados estão associados a sensibilidade insulínica 

FerritinaPositivo30 a 300 ng/mLElevada em inflamações e doenças crônicas.
ProcalcitoninaPositivo< 0,1 ng/mLSinal de infecções bacterianas e sepse.
HaptoglobinaPositivo30 a 200 mg/dLAlta em processos inflamatórios e autoimunes.
Albumina séricaNegativo3,5 a 5,0 g/dLNíveis baixos sugerem inflamação ou desnutrição.
Transtirretina (Pré-albumina)
Negativo20,0 a 40,0 mg/dLQueda em desnutrição e inflamação crônica.
TransferrinaNegativo200 a 400 mg/dLQueda em inflamação e doenças crônicas.
Lipoproteína A

Positivo

Negativo

< 30 mg/dL
> 50 mg/dL

Reduzida em casos de inflamação sistêmica grave.

Elevada risco cardiovascular, placa de aterosclerose.

Alfa-1-Glicoproteína Ácida
Positivo 58 a 155 mg/dL Se eleva em situações de inflamação aguda e crônica
Hemoglobina Glicada (HbA1c)Monitoramento Metabólico< 5,7% (normal)
5,7-6,4% (pré-diabetes)
> 6,5% (diabetes)
Avalia o controle glicêmico a longo prazo, essencial para diagnóstico de diabetes.
Glicose em JejumMonitoramento Metabólico70-99 mg/dL (normal)
100-125 mg/dL (pré-diabetes)
> 126 mg/dL (diabetes)
Detecta resistência à insulina e diagnóstico precoce de diabetes.
InsulinaMetabólico2 a 25 µU/mLDetecta hiperinsulinemia e resistência à insulina, comuns na síndrome metabólica.

O Que é Marcadores Positivos e Negativos?

Os marcadores positivos e negativos são biomarcadores usados para monitorar o estado inflamatório do corpo. Eles ajudam na identificação de processos inflamatórios, infecciosos ou crônicos e são fundamentais na prática clínica para diagnosticar e acompanhar diversas doenças.

Marcadores Positivos

Esses marcadores aumentam proporcionalmente ao grau da inflamação ou infecção. São denominados “positivos” porque se elevam como resposta a estímulos inflamatórios.

  • Valores elevados indicam que o organismo está em estado de alerta, seja por infecção, doença autoimune ou inflamação crônica.
  • Uso clínico: Acompanhar inflamação e orientar tratamentos em doenças como artrite reumatoide, síndrome metabólica e sepse.

Marcadores Negativos

Os marcadores negativos, por outro lado, reduzem seus níveis durante um processo inflamatório. Eles são classificados assim porque sua diminuição reflete a presença e a gravidade de inflamação ou doenças crônicas.

  • Queda nos níveis pode indicar inflamação significativa e disfunção metabólica.
  • Uso clínico: Avaliação da gravidade de doenças crônicas e do estado nutricional do paciente.

Tipos de Inflamação Crônica e Exemplos

  • Inflamação Sistêmica: Afeta todo o corpo e está associada a doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e colesterol.
  • Inflamação Localizada: Ocorre em tecidos específicos, como em artrite reumatoide ou doença inflamatória intestinal.
  • Inflamação Subclínica: Discreta, mas constante, e ligada a síndrome metabólica, doenças cardiovasculares (AVC e pressão alta), Câncer, Alzheimer, Lúpus, Fibromialgia e Esclerose múltipla. 

Inflamação Crônica Tem Cura?

Embora não tenha cura definitiva, a inflamação crônica pode ser controlada por meio de mudanças no estilo de vida e tratamentos médicos. Identificar a inflamação precocemente é essencial para evitar a progressão para doenças mais graves.

Tratamentos para Doenças Subclínicas e Crônicas

Mudanças na Dieta

  • Consuma alimentos com propriedades anti-inflamatórias, como peixes ricos em ômega-3, frutas vermelhas e vegetais verdes escuros.
  • Evite açúcar refinado e alimentos ultraprocessados.

Atividade Física e Controle do Estresse

  • Pratique exercícios regularmente para reduzir marcadores inflamatórios.
  • Meditação e ioga ajudam a modular o sistema imunológico e reduzir a inflamação.

Suplementação

  • Ômega-3 e vitamina D auxiliam na redução da inflamação.
  • Probióticos podem melhorar a saúde intestinal e modular a resposta inflamatória.
  • Cloreto de magnésio desempenha um papel fundamental no controle da pressão arterial, além de oferecer diversos outros benefícios para a saúde.

Medicamentos

  • Anti-inflamatórios e imunossupressores são indicados em casos de doenças autoimunes.
  • Pacientes com síndrome metabólica podem precisar de medicamentos para controle da glicemia e dos lipídeos como o  cloridrato de metformina e estatinas.

Conclusão

A detecção e o controle da inflamação subclínica são essenciais para prevenir doenças graves como diabetes, aterosclerose e hipertensão. A combinação de exames metabólicos e marcadores inflamatórios permite uma avaliação precisa da saúde geral do paciente.

Com mudanças no estilo de vida, como uma dieta saudável, atividade física e controle do estresse, é possível reduzir a inflamação e melhorar a qualidade de vida. Em casos mais avançados, pode ser necessário o uso de medicações específicas para controlar a inflamação.

Manter-se atento a esses marcadores por meio de exames periódicos é a chave para uma saúde equilibrada.

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