Coqueluche: Sintomas, Tratamento e Prevenção

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A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma infecção respiratória altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Apesar de ser uma doença controlada em grande parte do mundo devido à vacinação, ela ainda representa risco importante, principalmente em bebês e crianças pequenas, que podem desenvolver complicações graves.

Abordarei neste artigo, informações detalhadas sobre os sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção da coqueluche, com base em evidências científicas, para ajudar pais, pacientes e profissionais de saúde a reconhecer e lidar corretamente com essa condição.

O que é a Coqueluche (Tosse Comprida)?

A coqueluche é uma doença respiratória infecciosa caracterizada por episódios intensos de tosse que podem levar a dificuldade para respirar. O nome popular “tosse comprida” se deve ao fato de as crises de tosse serem prolongadas e muitas vezes seguidas de um som agudo semelhante a um guincho, conhecido como “whoop”.

A transmissão ocorre principalmente por gotículas respiratórias liberadas ao tossir, espirrar ou falar. Uma pessoa infectada pode transmitir a doença por várias semanas, mesmo antes de apresentar os sintomas típicos.

Bordetella pertussis: A bactéria causadora

A Bordetella pertussis é a bactéria responsável pela coqueluche. Ela coloniza o trato respiratório superior, produz toxinas que paralisam os cílios das vias aéreas e causam inflamação. Isso explica os sintomas persistentes de tosse e a dificuldade de eliminação natural da bactéria pelo organismo.

Sintomas da Coqueluche

A coqueluche evolui em três fases clínicas:

1. Fase catarral (inicial)

  • Dura de 1 a 2 semanas.

  • Sintomas semelhantes a um resfriado comum: coriza, febre baixa e tosse leve.

  • Alta transmissibilidade nesse período.

2. Fase paroxística (tosse intensa)

  • Pode durar de 2 a 6 semanas.

  • Sintoma principal: tosse incontrolável e repetitiva, seguida de um som agudo característico.

  • Vômitos após crises de tosse são comuns.

  • Em bebês, pode ocorrer apneia (pausas respiratórias).

3. Fase de convalescença

  • Pode se estender por várias semanas.

  • Tosse gradualmente melhora, mas episódios podem retornar em infecções respiratórias posteriores.

Coqueluche em Bebês e Crianças

A coqueluche é especialmente perigosa em bebês menores de 1 ano, que podem apresentar complicações graves como pneumonia, convulsões e até óbito. Em crianças maiores, a tosse intensa pode levar a dificuldade para se alimentar, perda de peso e distúrbios do sono.

Por isso, o diagnóstico precoce e a vacinação são fundamentais para reduzir riscos.

Diagnóstico da Coqueluche

O diagnóstico de coqueluche é feito com base na história clínica e sintomas típicos, especialmente a tosse persistente. Para confirmação, podem ser solicitados:

  • Cultura da nasofaringe
    É considerada o padrão ouro, mas pode levar de 7 a 10 dias para o resultado.
  • PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) para Bordetella pertussis
    Exame rápido e altamente sensível, detecta o DNA da bactéria.
  • Hemograma completo: pode mostrar leucocitose (aumento de glóbulos brancos), especialmente linfocitose absoluta, típica em casos de coqueluche.
  • Sorologia para Bordetella pertussis (IgG, IgA, IgM): detecta anticorpos contra a bactéria, útil em fases mais tardias da doença.
  • PCR (Proteína C-Reativa) em sangue total: auxilia na avaliação do grau de inflamação sistêmica, sendo útil em casos suspeitos e para monitorar complicações.
  • Gasometria arterial/venosa (em casos graves): avalia oxigenação e presença de hipóxia causada por crises intensas de tosse.

Tratamento da Coqueluche

O tratamento envolve:

Uso de antibióticos

  • Indicados principalmente nas fases iniciais.

  • Os mais utilizados são macrolídios (azitromicina, claritromicina ou eritromicina).

Cuidados de suporte

  • Hidratação adequada.

  • Controle de vômitos.

  • Monitoramento em ambiente hospitalar em casos graves, especialmente em bebês.

Isolamento respiratório

  • Importante para reduzir a transmissão da doença durante as primeiras semanas.

Prevenção da Coqueluche

A prevenção depende principalmente da vacinação.

Vacina contra a Coqueluche

  • Faz parte do calendário vacinal infantil (vacina pentavalente e DTPa).

  • Gestantes também devem receber a vacina, garantindo proteção ao bebê nos primeiros meses de vida.

  • Adultos podem precisar de reforços em situações de risco.

Complicações possíveis da Coqueluche

Sem tratamento adequado, pode evoluir para complicações graves, como:

  • Pneumonia bacteriana secundária.

  • Convulsões.

  • Hipóxia (falta de oxigênio).

  • Lesões cerebrais em casos severos.

  • Óbito, principalmente em lactentes.

Conclusão

A coqueluche continua sendo um desafio de saúde pública, principalmente em países com baixa cobertura vacinal. Reconhecer os sintomas da coqueluche precocemente, buscar o diagnóstico adequado e iniciar o tratamento correto são passos fundamentais para evitar complicações. Além disso, a vacina é a medida mais eficaz de prevenção, protegendo não somente crianças, mas também adultos e gestantes.

 

Perguntas Frequentes

Sim. Embora rara, a reinfecção por Bordetella pertussis pode acontecer, especialmente em adultos, já que a imunidade após a infecção natural ou vacinação tende a diminuir com o tempo.

A coqueluche se diferencia pela tosse paroxística intensa e prolongada, muitas vezes acompanhada de vômitos e o som característico de guincho. Outras causas de tosse crônica, como asma ou bronquite, não apresentam esse padrão típico.

Sim. Adultos, principalmente profissionais de saúde e pessoas que convivem com bebês, devem manter o reforço vacinal, pois podem transmitir a doença mesmo sem sintomas graves.

Sim. A vacina oferece alta proteção, mas a imunidade pode diminuir ao longo dos anos. Por isso, adultos vacinados ainda podem contrair a doença, geralmente em formas mais leves, reforçando a importância dos reforços vacinais.

Em casos graves, especialmente em bebês, a doença pode causar complicações como pneumonia, convulsões e até lesões neurológicas decorrentes da falta de oxigênio durante as crises de tosse.

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