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Transferrina: O que é, para que serve

 

A transferrina é uma proteína fundamental no organismo humano, responsável pelo transporte de ferro no sangue. Este artigo abordará o que é a transferrina, sua importância para o metabolismo do ferro, como funciona o exame, os possíveis significados de ter níveis altos, baixos ou normais dessa proteína, e como aumentar em casos de deficiência.

O que é a Transferrina?

É uma glicoproteína produzida principalmente no fígado e tem como principal função o transporte de íons de ferro (Fe3+) através da corrente sanguínea até os tecidos que necessitam de ferro, como a medula óssea, onde o ferro é utilizado na produção de hemoglobina. Essa proteína é essencial para levar o ferro absorvido pelo intestino para locais onde ele será armazenado, como o fígado, baço e a medula óssea, além de fornecer ferro para órgãos que utilizam, especialmente os tecidos hematopoiéticos.

A síntese no fígado é regulada pelo metabolismo do ferro. Em situações de deficiência de ferro, a produção aumenta para tentar captar mais ferro disponível no organismo, elevando sua concentração no sangue. Por outro lado, quando há sobrecarga de ferro, a síntese da transferrina diminui.

Para que Serve a Transferrina?

Ela desempenha um papel essencial no metabolismo do ferro e é fundamental para diversas funções, tais como:

  • Transporte de Ferro: Carrega ferro absorvido no intestino para locais onde será armazenado ou utilizado, como o fígado, baço, e medula óssea, bem como para os tecidos que consomem ferro, como os tecidos hematopoiéticos.
  • Regulação do Ferro: Mantém o equilíbrio de ferro no organismo, evitando tanto a deficiência quanto o excesso.
  • Proteção contra Patógenos: Retira o ferro livre da circulação, impedindo que bactérias e outros patógenos o utilizem para crescimento.

Além disso, a transferrina é conhecida como uma “proteína negativa da fase aguda”, o que significa que sua concentração no sangue tende a diminuir em casos de inflamações e doenças malignas. Isso a torna uma ferramenta útil para o diagnóstico de condições inflamatórias, além de doenças relacionadas ao metabolismo do ferro.

Transferrina Baixa: Sintomas e Tratamento

Quando está baixa indica que o nível de proteína disponível para transportar o ferro está reduzido. Isso também pode ocorrer em condições como inflamações crônicas, doenças hepáticas, e algumas formas de anemia. Sintomas comuns incluem:

  • Fadiga e fraqueza.
  • Palidez.
  • Queda de cabelo.
  • Falta de ar.

Tratamento para transferrina baixa depende da causa subjacente. Em casos de deficiência de ferro, suplementos de ferro são geralmente recomendados. No entanto, se a baixa estiver relacionada a uma doença hepática ou condição inflamatória, tratar a causa principal pode ser necessário, antes da suplementação.

Transferrina Alta: O que Significa?

Quando está alta é frequentemente um indicativo de que o corpo está tentando compensar a baixa disponibilidade de ferro. Isso pode ser observado em casos de anemia ferropriva, onde o organismo aumenta a produção na tentativa de captar mais ferro disponível. Em estados de deficiência de ferro, a produção de transferrina é aumentada, e, consequentemente, sua concentração sérica também aumenta. Algumas condições que podem elevar incluem:

  • Anemia ferropriva.
  • Gravidez.
  • Terapias de reposição de estrogênio.

Níveis elevados não são necessariamente prejudiciais, mas indicam uma desregulação na homeostase do ferro, o que exige investigação detalhada para identificar a causa subjacente.

Transferrina Normal: Valores de Referência

Os níveis normais no sangue variam conforme o laboratório, geralmente estão entre 200 a 360 mg/dL. Estes valores podem ser influenciados por fatores como idade, sexo, e condições de saúde subjacentes.

Tabela de Valores de Referência para Transferrina e Exames Relacionados

ExameValores de Referência
Transferrina Sérica200 a 360 mg/dL
Capacidade Total de Ligação do Ferro (TIBC)240 a 450 mcg/dL
Índice de Saturação da Transferrina (IST)20% a 50%
Ferro SéricoHomens: 65 a 175 mcg/dL
Mulheres: 50 a 170 mcg/dL
FerritinaHomens: 30 a 400 ng/mL
Mulheres: 15 a 150 ng/mL

Exame de Transferrina: Como é Realizado?

O exame é um teste de sangue que mede a quantidade de transferrina presente. Ele é frequentemente realizado em conjunto com outros testes de ferro, como a ferritina, para avaliar os níveis do ferro no organismo. Este exame é útil não apenas para detectar deficiências de ferro latentes ou manifestas, mas também para identificar casos de sobrecarga de ferro.

  • Saturação de Transferrina: Este exame mede o percentual de transferrina que está ligada ao ferro. O índice de saturação da transferrina alto pode indicar sobrecarga de ferro, como ocorre na hemocromatose.
  • Capacidade Total de Ligação do Ferro (TIBC): Mede a capacidade de ligação de ferro da transferrina.
  • Índice de Saturação da Transferrina: Calcula o quanto da transferrina está sendo utilizada para transportar ferro.

Esses testes são essenciais no diagnóstico de anemias, sobrecarga de ferro e condições inflamatórias.

Transferrina e Ferritina: Qual a Diferença?

A transferrina e a ferritina estão diretamente relacionadas ao metabolismo do ferro, mas têm funções distintas. Enquanto a transferrina é responsável pelo transporte de ferro, a ferritina é a principal proteína de armazenamento de ferro no organismo. A análise combinada de transferrina e ferritina é fundamental para entender completamente a condição do ferro em um paciente.

  • Transferrina baixa e ferritina baixa: sugerem anemia ferropriva.
  • Transferrina baixa e ferritina alta: podem indicar anemia de doença crônica ou sobrecarga de ferro.

Como Aumentar a Transferrina?

Para pessoas com níveis baixos, algumas medidas podem ajudar a aumentá-los. No entanto, é importante destacar que, antes de qualquer suplementação, é essencial realizar uma avaliação completa de todos os parâmetros relacionados ao ferro, pois a baixa concentração pode estar associada a outras condições, como mencionado anteriormente. Confira algumas orientações a seguir:

  • Suplementação de Ferro: Fundamental em casos de deficiência de ferro.
  • Dieta Rica em Ferro: Consumo de alimentos como carnes vermelhas, feijão, lentilhas, espinafre e outros vegetais de folhas verdes.
  • Tratamento de Condições Subjacentes: Tratamento de condições inflamatórias crônicas ou doenças hepáticas que possam estar afetando seus níveis.

Conclusão

A transferrina desempenha um papel central no metabolismo do ferro, e sua avaliação é essencial em diversos contextos clínicos, desde o diagnóstico de anemias até a monitorização de doenças inflamatórias crônicas. Compreender o que significa ter transferrina alta, baixa ou normal, e saber interpretar os resultados do exame, é essencial tanto para leigos quanto para profissionais de saúde.

Se você apresenta alguma dessas condições e deseja entender melhor, é recomendável buscar o acompanhamento de um médico para uma avaliação personalizada.

Veja aqui como interpretar ferro sérico e ferritina 

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