diHETrE no Cordão Umbilical, Relação Com Autismo?

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Desde os primeiros estágios da vida, alguns marcadores biológicos despertam grande interesse na comunidade científica. Entre eles, destaca-se o diHETrE (dihidroxieicosatrienoico), um metabólito derivado do ácido araquidônico, cujas funções começam a se revelar ainda no ambiente intrauterino.

Estudos recentes demonstram que o diHETrE está presente no sangue do cordão umbilical, sugerindo que sua produção inicia durante a gestação. Esse achado levanta questões importantes sobre como fatores gestacionais, como a alimentação da mãe, inflamações durante a gravidez e o estresse oxidativo, podem influenciar os níveis dessa substância, impactando diretamente o desenvolvimento neurológico fetal.

Qual a Relação entre o diHETrE e o Autismo?

Embora as pesquisas sobre o tema ainda estejam em andamento, estudos preliminares sugerem que alterações nos níveis de diHETrE podem estar relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). A seguir, destaco três possíveis mecanismos dessa correlação, com base nos dados mais atuais da literatura científica:

1. Neuroinflamação

O desequilíbrio nos níveis de diHETrE pode agravar inflamações no sistema nervoso central, um fenômeno comumente observado em indivíduos com diagnóstico de TEA.

2. Disfunções no Metabolismo de Ácidos Graxos

O metabolismo do diHETrE depende da proporção entre ácidos graxos ômega-3 e ômega-6. O excesso de ômega-6 e a baixa ingestão de ômega-3 podem levar a um cenário inflamatório e prejudicar a comunicação entre os neurônios, contribuindo para alterações comportamentais e cognitivas.

3. Estresse Oxidativo

Altos níveis de diHETrE podem estar associados ao aumento do estresse oxidativo, um dos fatores biológicos mais recorrentes em condições neurológicas, incluindo o autismo.

25 Sinais de Alerta para o Autismo

Reconhecer precocemente os sinais de autismo é fundamental para garantir intervenções eficazes. Entre os 25 principais indícios do TEA, alguns dos mais relevantes incluem:

  • Dificuldade em manter contato visual;

  • Ausência de resposta ao ser chamado pelo nome;

  • Interesse fixo por objetos ou temas específicos;

  • Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;

  • Comportamentos repetitivos ou movimentos estereotipados;

  • Dificuldade em compreender emoções e expressões faciais.

Vale lembrar que os sinais podem variar de intensidade, o que justifica a nomenclatura “espectro”, abrangendo desde manifestações leves até quadros mais complexos.

O Que Causa o Autismo? Existe uma Explicação Definitiva?

Atualmente, não existe uma causa única e comprovada para o autismo. A ciência aponta para uma combinação de fatores genéticos, ambientais e metabólicos, que interagem durante as fases iniciais do desenvolvimento cerebral.

Dentro dessa perspectiva, o nível de diHETrE no sangue do cordão umbilical surge como um marcador potencialmente relevante. Essa descoberta reforça a importância de investigar como o ambiente intrauterino pode interferir nas conexões cerebrais e nos mecanismos imunológicos ainda no início da vida.

Autismo Leve e Autismo na Vida Adulta

Indivíduos com autismo leve frequentemente apresentam somente desafios sutis na comunicação social, sendo muitas vezes diagnosticados tardiamente. Já os adultos com TEA podem enfrentar dificuldades para se adaptar a ambientes sociais, profissionais ou acadêmicos.

Essas variações reforçam a ideia de que o monitoramento de fatores metabólicos, como o diHETrE, pode ser útil não apenas na infância, mas ao longo de toda a vida do paciente com autismo.

O Autismo Tem Cura?

O autismo não tem cura, mas a intervenção precoce e personalizada pode transformar a vida de quem recebe o diagnóstico. Terapias comportamentais, ocupacionais, fonoaudiológicas e estratégias multidisciplinares são essenciais para promover o desenvolvimento das habilidades sociais, cognitivas e emocionais.

O estudo do papel do diHETrE em condições como o TEA pode, futuramente, abrir portas para novas abordagens terapêuticas baseadas em biomarcadores metabólicos.

Conclusão

A presença de diHETrE no sangue do cordão umbilical e sua possível ligação com o TEA destacam a relevância de uma avaliação pré-natal criteriosa e atualizada com marcadores inflamatórios e metabólicos.

Além disso, conhecer os principais sinais do autismo, investigar suas causas multifatoriais e compreender a influência do ambiente intrauterino pode ser o diferencial para diagnósticos mais precoces e intervenções mais eficazes.

Veja mais Sobre o diHETrE.

 

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