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Vitamina D: Baixa ou Deficiente, Saiba o que Fazer

Como biomédico, patologista clínico e especialista em estética, sempre faço questão de orientar meus pacientes sobre a importância de manter os níveis de vitamina D adequados. Essa vitamina vai muito além dos benefícios para a saúde dos cabelos, unhas e pele; ela desempenha um papel essencial na saúde geral do organismo e é frequentemente chamada de “vitamina anti-câncer” devido à sua importância na proteção contra diversas doenças.

Hoje, quero abordar um tema crucial para todos nós: a vitamina D. Este nutriente é fundamental para inúmeras funções no corpo, mas, infelizmente, ainda é negligenciado por muitas pessoas. Neste artigo, vou mostra sua relevância, as melhores formas de obtê-la e como interpretar os exames relacionados, trazendo informações claras tanto para quem é leigo no assunto quanto para profissionais da área da saúde.

O que é a Vitamina D e para que serve?

Antes de mais nada, a vitamnina D É uma substância lipossolúvel essencial para o funcionamento do corpo, especialmente para a saúde óssea e o sistema imunológico. Ela auxilia na absorção de cálcio e fósforo, dois minerais indispensáveis para a manutenção dos ossos e dentes. Além disso, a 25 hidroxi-D desempenha papéis importantes na saúde muscular, no controle da glicemia e na regulação do sistema imunológico.

Em termos de composição, existem duas formas principais:

  • Vitamina D2 (ergocalciferol): obtida principalmente de alimentos de origem vegetal.
  • Vitamina D3 (colecalciferol): sintetizada na pele pela ação da luz solar e encontrada em alimentos de origem animal.
Agora que entendemos os conceitos básicos, vamos explorar.
 

Fontes de vitamina D: alimentos e sol

Embora a exposição solar seja a principal forma de obter, é possível encontrar o nutriente em alguns alimentos, como:

  • Peixes gordurosos (salmão, atum, sardinha);
  • Óleo de fígado de bacalhau;
  • Gema de ovo;
  • Leite e derivados fortificados;
  • Cogumelos irradiados.

Para garantir níveis adequados, a exposição ao sol deve ser feita conscientemente. Bastam 10 a 20 minutos diários de sol em áreas descobertas, como braços e pernas, sem protetor solar, nos horários antes das 10h ou após as 16h.

Vitamina D: como tomar e valores de referência

Dependendo do grau de deficiência, o tratamento envolve a suplementação oral ou parenteral, dependendo do grau de deficiência e da condição do paciente. Para casos leves a moderados, o tratamento geralmente consiste em suplementos orais de vitamina D3 (colecalciferol). Em casos mais graves, especialmente em pacientes com problemas de absorção, pode ser necessária a administração intramuscular.

  • Suplementos com 400 a 2000 UI são usados para prevenção;
  • Em casos de deficiência severa, podem ser indicadas doses mais altas, como 50.000 UI semanais.

É fundamental monitorar os níveis no sangue. Os valores de referência são:

  • Deficiência: Inferior a 20,0 ng/mL;
  • Normal para a população geral: Entre 20,0 e 60,0 ng/mL;
  • Ideal para população de risco: Entre 30,0 e 60,0 ng/mL;
  • Risco de intoxicação: Superior a 100,0 ng/mL.

É importante lembrar que Populações de risco incluem idosos, gestantes, pessoas com doenças osteometabólicas, pós-cirurgia bariátrica, entre outros.

Formas de Suplementação Disponíveis

De maneira geral, a suplementação pode ser feita das seguintes formas:

  • Vitamina D3 (colecalciferol): Forma mais utilizada, derivada de fontes animais, como óleo de fígado de bacalhau.
  • Vitamina D2 (ergocalciferol): Alternativa à D3, especialmente para vegetarianos e veganos.
  • Suplementos combinados: Vitamina D associada ao cálcio, úteis para tratar osteoporose ou prevenir fraturas.
  • Administração intramuscular: Indicada para pacientes com má absorção intestinal, como em casos de doenças inflamatórias intestinais ou pós-cirurgia bariátrica.

Outros Métodos de Suplementação:

  • Exposição ao Sol: Cerca de 15 minutos diários de exposição ao sol sem protetor, em horários de menor risco (antes das 10h e após as 16h), podem ajudar a sintetizar na pele.
  • Gotas e cápsulas: Formas práticas e acessíveis de suplementação.
  • Alimentos fortificados: Alternativa útil para manutenção dos níveis.

Doses Recomendadas para Suplementação

A dosagem varia conforme o nível sérico e a condição do paciente.

  • Deficiência severa (<20 ng/mL): 50.000 UI semanal por 8 a 12 semanas, seguido por manutenção com 1.000 a 2.000 UI/dia via oral.
  • Insuficiência (20-30 ng/mL): 800 a 2.000 UI/dia via oral.
  • Manutenção para populações de risco: 1.000 a 2.000 UI/dia via oral.
  • Risco de intoxicação (>100 ng/mL): Suspensão imediata da suplementação e acompanhamento médico.

Esquema de Suplementação com Vitamina D Injetável

  1. Concentração Comum:

    • 300.000 ou 600.000 UI por ampola (ou conforme a formulação disponível).
  2. Frequência e Duração:

    • Dose única: Uma ampola de 300.000 ou 600.000 UI é aplicada intramuscular.
    • Esquema dividido: 300.000 UI a cada 15 dias, totalizando 2 doses (em casos de maior sensibilidade ou risco de hipervitaminose D).
  3. Duração e Intervalos:

    • Reavaliação laboratorial de 8 a 12 semanas após a aplicação para ajustar o tratamento.
  4. Manutenção:

    • Após a normalização dos níveis, uma dose de manutenção oral pode ser prescrita (ex.: 1.000 a 4.000 UI por dia).

Orientações Importantes

  • Avaliação Prévia: Sempre medir os níveis séricos de 25(OH)D (hidroxi-vitamina D) antes de iniciar o tratamento.
  • Deficiência severa: <10 ng/mL (grave)
  • Insuficiência: 10-20 ng/mL (moderada)
  • Nível ideal: 30-50 ng/mL (indicado)
  • Monitoramento: Repetir os exames para evitar toxicidade (hipervitaminose D).
  • Cuidados: Contraindicada em pacientes com hipercalcemia, sarcoidose, ou doenças renais severas sem orientação médica.

Esse esquema é uma referência geral e pode variar dependendo das necessidades específicas de cada paciente. Sempre consulte um profissional da saúde antes de iniciar qualquer suplementação.

Exames relacionados à vitamina D

O exame mais comum é a dosagem de 25-hidroxivitamina D (25-OH), que reflete os estoques de vitamina D no organismo. Seus valores normais estão entre 20,0 e 60,0 ng/mL, mas níveis abaixo de 20 ng/mL indicam deficiência.

Outro exame menos comum, mas relevante em casos específicos, é o da 1,25-dihidroxivitamina D, que mede a forma ativa da vitamina D. Ele é utilizado para investigar distúrbios metabólicos ósseos ou doenças renais.

Valores de referência para 1,25-dihidroxivitamina D:

0 a 11 meses32,1 a 196,0 pg/mL
12 a 35 meses 47,1 a 151,0 pg/mL
 3 a 19 anos 45,0 a 102,0 pg/mL
 Acima de 19 anos19,9 a 79,3 pg/mL
  • Baixa: Pode indicar insuficiência renal ou má absorção;
  • Elevada: Associada a hiperparatireoidismo ou intoxicação por vitamina D.
Os valores podem variar entre laboratórios.

Sintomas da deficiência e excesso de vitamina D

Deficiência:

  • Fadiga e cansaço;
  • Dores musculares e articulares;
  • Osteoporose e fraturas frequentes;
  • Queda de cabelo;
  • Depressão ou alterações de humor.

Excesso (toxicidade):

  • Náuseas, vômitos e perda de apetite;
  • Calcificação de tecidos moles (rins, coração);
  • Hipercalcemia, que pode levar a complicações graves.

Gráfico da Deficiência de vitamina D na População

 O gráfico a seguir ilustra a prevalência da deficiência de vitamina D na população brasileira, destacando os grupos mais vulneráveis e os principais riscos associados a essa carência, como fragilidade óssea, imunidade reduzida e maior predisposição a doenças crônicas. A compreensão desses dados reforça a importância de estratégias preventivas e terapêuticas para combater essa condição.

Relação da vitamina D com o cálcio

A vitamina D é indispensável para a absorção do cálcio no intestino. Sem ela, mesmo com uma dieta rica em cálcio, o organismo não consegue aproveitar esse mineral. Níveis adequados de vitamina D e cálcio são essenciais para prevenir doenças como a osteoporose.

Tabela de vitamina D por idade

Faixa EtáriaValores Ideais (ng/mL)
Crianças e jovens20,0 a 60,0
Adultos20,0 a 60,0
Idosos30,0 a 60,0
População de risco30,0 a 60,0

Conclusão

Por fim, vale destacar que a vitamina D é um nutriente essencial para a saúde geral, com impacto direto na saúde óssea, muscular e imunológica. Além da exposição solar e alimentação adequada, a suplementação pode ser necessária em muitos casos.

Caso apresente sintomas de deficiência ou tenha dúvidas sobre exames como o de 25-hidroxivitamina D, consulte um profissional de saúde para avaliação. Aqui no Saúde Diagnóstica, estou sempre pronto para trazer informações confiáveis e atualizadas para cuidar da sua saúde!

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