Na minha prática como biomédico, é comum que pais fiquem preocupados ao receberem um resultado de hemograma que indica plaquetas altas em crianças, condição conhecida como trombocitose.
As plaquetas, ou trombócitos, são pequenas células produzidas na medula óssea, fundamentais para o processo de coagulação do sangue. Elas atuam rapidamente quando há algum ferimento, formando um tampão que ajuda a conter o sangramento.
Apesar dessa função essencial, quando os níveis estão acima do normal, é natural surgirem dúvidas. A boa notícia é que, na maioria dos casos pediátricos, a trombocitose não representa um risco grave e costuma ser uma resposta temporária a infecções, inflamações ou outras condições transitórias. Neste artigo, vou te explicar claramente o que significa ter plaquetas elevadas na infância, quais são as causas mais comuns e como esse quadro deve ser avaliado e acompanhado.
Qual Sua Função?
Elas circulam no sangue por cerca de 7 a 10 dias antes de serem removidas pelo baço. Em uma criança saudável, o número normal de plaquetas varia entre 150.000 a 450.000 por microlitro de sangue.
Essas células são essenciais para a coagulação sanguínea, formando agregado no local da lesão vascular e liberando substâncias que promovem a coagulação. Além disso, também desempenham um papel na resposta inflamatória e na defesa do organismo.
O Que São Plaquetas Altas (Trombocitose)?
A trombocitose é definida pelo aumento do número de plaquetas no sangue, geralmente acima de 450.000 por microlitro. Esse aumento pode ser classificado em dois tipos principais:
- Trombocitose Primária (ou Essencial): É um distúrbio raro, geralmente de origem genética, onde há produção excessiva de plaquetas pela medula óssea sem uma causa subjacente clara.
- Trombocitose Secundária (ou Reativa): É mais comum e ocorre como resposta a outra condição, como uma infecção, inflamação, anemia ou após uma cirurgia. Nesses casos, a trombocitose é temporária e tende a se resolver quando a condição subjacente é tratada.
Causas de Plaquetas Altas em Crianças
A trombocitose em crianças geralmente é do tipo secundária. Algumas causas comuns incluem:
- Infecções: Tanto infecções bacterianas quanto virais podem levar ao aumento das plaquetas. O organismo, em resposta à infecção, pode aumentar a produção de células sanguíneas, incluindo as plaquetas.
- Inflamações: Doenças inflamatórias crônicas, como artrite juvenil, podem causar um aumento na contagem de plaquetas.
- Anemia Ferropriva: A deficiência de ferro, comum em crianças, pode estimular a medula óssea a produzir mais plaquetas.
- Cirurgias e Traumas: Após uma cirurgia ou trauma significativo, o corpo pode reagir aumentando a produção de plaquetas.
- Outras Causas: Doenças autoimunes, certos tipos de câncer e algumas medicações também podem levar à trombocitose.
Plaquetas Altas: É Perigoso?
Muitos pais se preocupam ao descobrir que seu filho está com plaquetas altas e se perguntam se isso é perigoso. Geralmente, a trombocitose não representa um risco significativo e está associada a condições temporárias, como infecções ou deficiência de ferro, o qual são as causas mais comuns.
No entanto, é fundamental investigar as causas subjacentes para garantir que não haja uma condição mais séria, como leucemia ou outro tipo de câncer.
Plaquetas Altas: Sintomas
Geralmente, crianças com plaquetas altas (trombocitose) não apresentam sintomas, e a alteração é identificada de forma incidental durante exames de rotina, como o hemograma completo.
Quando há sintomas, eles podem incluir:
- Dor de Cabeça
- Tontura
- Fraqueza ou Fadiga
- Formigamento nas Mãos e Pés
Esses sintomas são geralmente inespecíficos e podem ser atribuídos a outras condições. Em casos raros, a trombocitose pode levar à formação de coágulos sanguíneos, o que pode causar complicações mais sérias.
Plaquetas Altas: Pode Ser Leucemia?
Embora a trombocitose reativa seja a causa mais comum de plaquetas altas em crianças, é importante considerar outras possibilidades. Plaquetas persistentemente altas, especialmente se acompanhadas de outros sintomas, podem estar associadas a condições mais graves, como a leucemia.
No entanto, a leucemia geralmente apresenta outros sinais clínicos significativos, como fadiga intensa, palidez, sangramentos frequentes, e infecções recorrentes. Um médico deve avaliar cuidadosamente cada caso.
Plaquetas Altas em Bebês
Assim como em crianças mais velhas, plaquetas altas em bebês geralmente têm causas benignas, como infecções ou deficiência de ferro. O acompanhamento pediátrico é essencial para monitorar a contagem e determinar se há necessidade de investigação adicional.
Plaquetas Altas: O Que Pode Ser?
Além das causas já mencionadas, plaquetas altas podem ser indicativas de várias outras condições. A trombocitose pode estar associada a doenças autoimunes, processos inflamatórios crônicos, ou até mesmo neoplasias.
Portanto, é fundamental realizar uma avaliação médica detalhada para determinar a causa específica e orientar o tratamento adequado.
Plaquetas Altas: Câncer e Anemia
Em alguns casos, plaquetas altas podem estar associadas a condições malignas, como certos tipos de câncer, incluindo leucemia. Além disso, a anemia ferropriva, uma condição comum em crianças, também pode levar a um aumento na contagem de plaquetas.
O tratamento da condição subjacente, seja ela câncer ou anemia, normaliza geralmente a contagem de plaquetas.
Como é Feito o Diagnóstico?
O diagnóstico de trombocitose é realizado por meio de um hemograma completo, onde é possível observar a contagem elevada de plaquetas. Caso a trombocitose seja detectada, é importante investigar a causa subjacente. Isso pode incluir exames adicionais, como:
- Avaliação da Ferritina: Para verificar a presença de anemia ferropriva.
- Marcadores Inflamatórios: Como a proteína C-reativa (PCR) e a velocidade de hemossedimentação (VHS), para identificar infecções ou inflamações.
- Exames de Imagem: Como ultrassonografia ou tomografia, se houver suspeita de doenças mais graves.
Tratamento e Acompanhamento
O tratamento da trombocitose depende da causa subjacente. Em casos de trombocitose secundária, o foco é tratar a condição que levou ao aumento das plaquetas. Quando a causa é resolvida, a contagem de plaquetas geralmente retorna ao normal.
No caso da trombocitose primária, o tratamento pode incluir o uso de medicamentos para reduzir a produção de plaquetas ou prevenir complicações, como coágulos. No entanto, essa condição é extremamente rara em crianças.
Quando Procurar Ajuda Médica?
Pais devem estar atentos a qualquer sintoma incomum em seus filhos, como dores de cabeça persistentes, tontura ou fadiga excessiva. Embora a trombocitose geralmente não cause sintomas graves, é importante buscar orientação médica se houver preocupação, especialmente após uma infecção ou cirurgia recente.
Conclusão
Na minha prática diária, observo que a maioria dos casos de plaquetas altas em crianças não costuma indicar algo grave, sendo, na maioria das vezes, uma resposta temporária a infecções, inflamações ou outras condições transitórias. No entanto, reforço sempre a importância de investigar a causa com cautela e manter um acompanhamento adequado.
Se o seu filho recebeu um resultado indicando trombocitose, recomendo procurar um profissional de saúde de confiança para entender melhor a situação, esclarecer dúvidas e traçar, com segurança, os próximos passos no cuidado com a saúde dele.
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Dúvidas Frequentes
Não é necessário.
Evite Alimentos Ricos em Vitamina K, como:
- Vegetais de Folhas Verdes: Espinafre, couve, brócolis, alface e rúcula são ricos em vitamina K e devem ser consumidos com moderação.
- Chás Verdes e Pretos: Alguns chás contêm quantidades significativas de vitamina K e podem interferir na coagulação.
- Óleos Vegetais: Óleos como o de soja e canola também possuem vitamina K e devem ser usados com cautela.
A trombocitose é uma condição caracterizada pelo aumento anormal do número de plaquetas no sangue, acima dos valores considerados normais (geralmente superior a 450.000/mm3).
Se a contagem de plaquetas estiver significativamente elevada — acima de 1 milhão — ou se a criança apresentar sintomas como dor de cabeça, tontura, fraqueza, fadiga, ou formigamento nas mãos e nos pés, é fundamental procurar um médico para uma avaliação detalhada.
Vale lembrar que esses sinais podem estar relacionados a diversas condições de saúde, não sendo exclusivos da trombocitose. Por isso, o acompanhamento profissional é essencial para um diagnóstico preciso e seguro.

Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.