Anemia por Deficiência de Ferro: Entenda o Exame

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A anemia por deficiência de ferro, também chamada de anemia ferropriva, é o tipo mais comum de anemia no mundo e ocorre quando o organismo não possui ferro suficiente para produzir hemoglobina. Essa condição pode causar sintomas como cansaço, palidez, queda de cabelo e até dificuldade de concentração. Além disso, pode afetar crianças, adultos e gestantes de forma diferente, exigindo diagnóstico e tratamento adequados.

Neste artigo, vou te explicar, o que é a anemia por falta de ferro, os sintomas, os exames laboratoriais necessários para o diagnóstico, os principais tratamentos e quais alimentos ajudam a prevenir e controlar a doença.

O que é anemia por deficiência de ferro?

A anemia ferropriva ocorre quando há carência de ferro no organismo, impedindo a produção adequada de hemoglobina — proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue.

Essa condição pode ser causada por:

  • Baixa ingestão de ferro na dieta (dietas restritivas, vegetarianismo mal planejado).

  • Perdas sanguíneas crônicas (menstruação intensa, úlceras, hemorragias).

  • Maior necessidade de ferro (gestantes, crianças em crescimento).

  • Dificuldade de absorção intestinal (doença celíaca, gastrite atrófica, cirurgias bariátricas).

Sintomas da anemia ferropriva

Muitas pessoas não percebem os sinais iniciais da falta de ferro no sangue, mas eles tendem a se intensificar com o tempo.

Sintomas mais comuns

  • Cansaço excessivo e fraqueza: mesmo após descanso.

  • Palidez na pele e mucosas: visível em lábios e conjuntiva dos olhos.

  • Falta de concentração e memória prejudicada.

  • Queda de cabelo e unhas frágeis.

  • Falta de ar aos esforços leves.

Sintomas característicos

  • Picacismo: desejo de comer gelo, terra ou substâncias não nutritivas.

  • Síndrome das pernas inquietas: movimentos involuntários durante o sono, associados à baixa de ferro.

  • Taquicardia e palpitações em casos mais graves.

Diagnóstico de anemia ferropriva

O diagnóstico é feito por meio da avaliação clínica e exames laboratoriais.

Exames mais utilizados

Como saber se estou com anemia?

A anemia por deficiência de ferro é confirmada por meio de exames de sangue, que avaliam tanto a quantidade quanto a qualidade das células vermelhas. O principal exame é o hemograma completo, que permite identificar alterações na hemoglobina, VCM (Volume Corpuscular Médio) e HCM (Hemoglobina Corpuscular Média) — parâmetros essenciais para o diagnóstico.

A hemoglobina é a proteína que transporta o oxigênio pelo sangue. Quando está abaixo dos valores de referência (geralmente < 12 g/dL em mulheres e < 13 g/dL em homens), indica uma possível anemia. Já o VCM mostra o tamanho das hemácias, e o HCM revela a quantidade média de hemoglobina em cada célula vermelha.

Na anemia ferropriva, é comum observar:

  • Hemoglobina baixa

  • VCM reduzido (< 80 fL) — indicando hemácias pequenas (microcíticas)

  • HCM baixo (< 27 pg) — hemácias com pouca hemoglobina (hipocrômicas)

Essas alterações, associadas à ferritina sérica baixa, confirmam a deficiência de ferro como causa da anemia.

Para facilitar a interpretação desses resultados, desenvolvemos uma ferramenta exclusiva e prática:

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Com ela, você pode inserir seus valores de hemoglobina, VCM e HCM, obtendo uma avaliação inicial personalizada com base em parâmetros laboratoriais reconhecidos pela literatura médica.

Vale lembrar, que a ferramenta é educativa e auxilia na compreensão dos resultados, mas não substitui a avaliação médica. Sempre consulte um profissional de saúde para confirmar o diagnóstico e receber o tratamento adequado.

Tratamento da anemia por deficiência de ferro

O tratamento depende da causa e da gravidade do quadro.

Suplementação de ferro

  • Ferro oral: é geralmente o tratamento inicial. Deve ser tomado com vitamina C para melhorar a absorção.

  • Ferro intravenoso: indicado quando há intolerância ao ferro oral ou necessidade urgente de reposição.

Medicamentos e efeitos colaterais

Os principais medicamentos para o tratamento da anemia ferropriva são os suplementos de ferro, que podem ser administrados por via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade e da tolerância individual.

Entre as formulações disponíveis, destaca-se o Noripurum®, que contém ferro sacarato e pode ser aplicado por via intravenosa em ambiente clínico, especialmente quando o paciente apresenta intolerância ao ferro oral ou necessidade de reposição rápida.

Apesar de eficazes, os suplementos de ferro podem causar efeitos gastrointestinais como náuseas, dor abdominal, constipação ou diarreia. Esses sintomas geralmente são leves e podem ser minimizados com ajuste da dose, mudança do horário de administração ou substituição por outra formulação com melhor tolerabilidade.

O acompanhamento médico é essencial para definir a dose adequada e garantir a reposição segura e eficaz dos estoques de ferro, evitando tanto a deficiência quanto o excesso.

Quando procurar atendimento médico

Se houver sintomas graves, como palpitações, falta de ar intensa ou sangramentos, é fundamental buscar ajuda médica imediatamente.

Alimentação e prevenção da anemia ferropriva

Uma dieta para anemia é essencial tanto no tratamento quanto na prevenção.

Alimentos ricos em ferro heme (melhor absorção)

  • Carnes vermelhas magras.

  • Fígado e vísceras.

  • Peixes e frango.

Alimentos ricos em ferro não-heme (origem vegetal)

  • Feijão, lentilha, grão-de-bico.

  • Espinafre, couve, brócolis.

  • Tofu e cereais fortificados.

Para melhorar a absorção, consuma vitamina C (laranja, acerola, limão) com as refeições.
Evite café, chá-preto e leite junto das refeições, ao reduzirem a absorção do ferro.

Grupos de risco

  • Gestantes: precisam de mais ferro devido ao aumento do volume sanguíneo.

  • Crianças: principalmente menores de 5 anos, em fase de crescimento acelerado.

  • Mulheres em idade fértil: devido a perdas menstruais.

Conclusão

A anemia por deficiência de ferro, ou anemia ferropriva, é uma condição comum, mas que pode trazer sérias consequências se não for diagnosticada e tratada corretamente. Reconhecer os sintomas da falta de ferro no sangue, realizar os exames adequados, como hemograma e ferritina sérica, e seguir as orientações médicas sobre suplementação e alimentação rica em ferro são passos fundamentais para recuperar a saúde e prevenir complicações.

Adotar uma dieta para anemia equilibrada, rica em alimentos fontes de ferro e vitamina C, associada ao tratamento prescrito, garante melhores resultados a longo prazo. Gestantes, crianças e mulheres em idade fértil devem ter atenção especial, ao fazerem parte dos grupos mais vulneráveis à carência de ferro.

Se você apresenta cansaço excessivo, queda de cabelo, palidez ou outros sintomas de anemia, procure orientação médica para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado. Com o acompanhamento certo, a anemia ferropriva tem cura e pode ser controlada com eficácia.

 

Perguntas Frequentes

Sim. A anemia por deficiência de ferro tem cura quando a causa é identificada e tratada corretamente. A reposição de ferro, associada a uma alimentação equilibrada e ao controle de possíveis sangramentos, permite normalizar os níveis de hemoglobina e ferritina.

O tempo de recuperação varia conforme a gravidade. Em geral, os níveis de hemoglobina começam a subir após 2 a 4 semanas de tratamento, mas a reposição total dos estoques de ferro pode levar de 3 a 6 meses. O uso do suplemento deve ser mantido conforme orientação médica.

Sim, a anemia ferropriva pode reaparecer se a causa da deficiência de ferro não for corrigida, como dietas restritivas, perdas sanguíneas crônicas ou problemas de absorção intestinal. O acompanhamento médico e exames periódicos ajudam a evitar a recorrência.

Sim. O escurecimento das fezes é um efeito comum e inofensivo durante o uso de suplementos de ferro. Ele ocorre devido à oxidação do ferro não absorvido no intestino e não representa sinal de sangramento gastrointestinal.

Não é recomendado. O excesso de ferro pode causar sobrecarga e danos ao fígado. A suplementação deve ser feita apenas com prescrição e acompanhamento médico, após confirmação laboratorial da deficiência.

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