Diabetes Gestacional: Sintomas, Causas e Novas Diretrizes OMS

diabetes-gestacional-sintomas-causas-e-novas-diretrizes-oms-saude-diagnostica

A diabetes gestacional é uma condição que afeta milhões de gestantes todos os anos e, quando não tratada adequadamente, pode trazer riscos importantes para a mãe e para o bebê. Com a divulgação das novas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), o cuidado com essa condição passou a ser mais padronizado e baseado em evidências, garantindo maior segurança durante o pré-natal.

A seguir, você vai entender de forma clara o que causa a diabetes gestacional, quais são seus sintomas, e o que há de mais atualizado no diagnóstico e no tratamento, conforme as recomendações internacionais recém-publicadas.

O que causa a diabetes gestacional (causas e fatores de risco)

A diabetes gestacional ocorre quando a placenta passa a produzir hormônios que dificultam a ação da insulina. Esse processo é natural durante a gravidez, mas, em algumas mulheres, a resistência à insulina se torna maior do que o organismo consegue compensar, levando ao aumento da glicemia.

Principais fatores que aumentam o risco

  • Histórico familiar de diabetes

  • Sobrepeso antes da gravidez

  • Ganho de peso excessivo na gestação

  • Idade superior a 35 anos

  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP)

  • Gestação anterior com diabetes gestacional

  • Bebê anterior com mais de 4 kg (macrossomia)

  • Gestação gemelar

Compreender esses fatores é essencial para orientar o pré-natal e definir o melhor momento para o rastreio.

Sintomas de diabetes gestacional: como identificar?

A maioria das gestantes não apresenta sintomas visíveis, tornando o diagnóstico dependente dos exames do pré-natal. Mesmo assim, alguns sinais podem sugerir a alteração glicêmica.

Possíveis sintomas (quando presentes)

  • Sede excessiva

  • Urinar com maior frequência que o habitual

  • Fadiga intensa

  • Visão turva

  • Infecções urinárias recorrentes

Por serem sintomas que também podem ocorrer naturalmente na gravidez, somente o exame laboratorial confirma o diagnóstico.

Novas Diretrizes da OMS: rastreio, diagnóstico e acompanhamento

A OMS (Organização Mundial da Saúde) publicou sua primeira diretriz global exclusiva para diabetes na gestação, reunindo 27 recomendações que padronizam o cuidado materno-infantil. Essas diretrizes reforçam:

  • Diagnóstico precoce

  • Rastreamento universal

  • Monitoramento contínuo

  • Cuidado multidisciplinar

  • Tratamento baseado em evidências

A seguir, um resumo das principais orientações atualizadas.

Quando realizar o rastreio?

Todas as gestantes devem ser avaliadas logo no início do pré-natal, principalmente se apresentarem fatores de risco.

O exame padrão recomendado é o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG), também conhecido como curva glicêmica.

Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG): valores de corte

A OMS recomenda:

  • Jejum: ≥ 92 mg/dL

  • 1 hora após glicose: ≥ 180 mg/dL

  • 2 horas após glicose: ≥ 153 mg/dL

O diagnóstico de diabetes gestacional é confirmado quando os valores estão acima ou iguais ao ponto de corte, a presença de qualquer um desses valores alterados já confirma o diabetes gestacional.

Por que o diagnóstico precoce é tão importante?

Detectar a doença cedo ajuda a reduzir:

  • Pré-eclâmpsia

  • Parto prematuro

  • Macrossomia fetal

  • Hipoglicemia neonatal

  • Complicações respiratórias do recém-nascido

Esses desfechos reforçam a necessidade de integrar as diretrizes aos programas de pré-natal em todo o mundo.

O tratamento segundo a OMS: dieta, exercício e medicamentos

O manejo da diabetes gestacional precisa ser individualizado, seguro e acompanhado por uma equipe multidisciplinar.

Alimentação equilibrada

A nutrição é a base do tratamento. O plano alimentar deve incluir:

  • Controle da quantidade de carboidratos

  • Refeições com fibras, vegetais e proteínas magras

  • Redução de açúcares simples e ultraprocessados

  • Orientação nutricional personalizada

Exercícios físicos recomendados

A atividade física melhora a sensibilidade à insulina e o controle glicêmico. Exercícios seguros incluem:

  • Caminhadas

  • Musculação leve

  • Pilates para gestantes

  • Hidroginástica

Sempre com avaliação prévia do obstetra.

Quando usar insulina ou outros medicamentos

A OMS recomenda medicação quando:

  • A dieta e os exercícios não controlam a glicemia

  • Há risco materno ou fetal elevado

  • Os valores permanecem acima da meta por vários dias

A insulina é o tratamento mais utilizado e seguro. Em alguns casos, medicamentos orais podem ser considerados, sob avaliação individual.

Riscos da diabetes gestacional sem tratamento

Quando não tratada, a diabetes gestacional pode levar a complicações importantes.

Para o bebê

  • Macrossomia

  • Hipoglicemia após o nascimento

  • Prematuridade

  • Maior risco de desenvolver diabetes tipo 2

Para a mãe

  • Pré-eclâmpsia

  • Infecções

  • Aumento no risco de cesárea

  • Desenvolvimento de diabetes tipo 2 no futuro

Esses riscos justificam a necessidade de seguimento rigoroso.

Acompanhamento após o parto

Mesmo após o nascimento, o cuidado não termina. A diabetes gestacional geralmente desaparece, mas a mulher permanece com risco aumentado para diabetes tipo 2.

Recomendações pós-parto da OMS

  • Repetir o exame de glicemia entre 6 e 12 semanas após o parto

  • Monitoramento anual da glicemia

  • Manutenção de hábitos saudáveis

  • Incentivo à amamentação (reduz risco metabólico para ambos)

Conclusão

A diabetes gestacional é uma condição comum, porém séria, que exige diagnóstico precoce, acompanhamento contínuo e manejo baseado em evidências. As novas diretrizes da OMS representam um marco importante para padronizar o cuidado materno-infantil no mundo, garantindo mais segurança à gestante e ao bebê.

Com alimentação adequada, atividade física supervisionada e acompanhamento médico, é possível manter a glicemia controlada e reduzir complicações durante toda a gestação e após o parto.

 

Perguntas Frequentes

Sim. Para realizar o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG), é necessário jejum adequado de 8 a 12 horas. O exame não deve ser feito após jejum prolongado nem após refeição recente, pois isso pode alterar o resultado. Durante o teste, a gestante deve permanecer em repouso e não pode ingerir alimentos até a conclusão.

A diabetes gestacional surge apenas durante a gravidez, causada pela resistência aos hormônios placentários. Já a diabetes na gravidez ocorre quando a mulher já tinha diabetes tipo 1 ou tipo 2 antes de engravidar, exigindo um controle ainda mais rigoroso.

Sim. Embora o excesso de peso aumente o risco, mulheres magras também podem desenvolver diabetes gestacional devido a fatores hormonais, histórico familiar ou predisposição genética.

Não necessariamente, mas o risco é muito maior. A glicose alta chega ao bebê, que produz mais insulina e cresce mais do que o esperado, aumentando a chance de macrossomia e complicações no parto.

O ideal é fracionar as refeições, incluir fibras e proteínas junto aos carboidratos e evitar bebidas açucaradas. A combinação ajuda a desacelerar a absorção da glicose e manter níveis mais estáveis.

Sim. A amamentação é recomendada e benéfica, pois reduz o risco de diabetes tipo 2 na mãe e melhora o metabolismo do bebê. A OMS estimula o aleitamento materno sempre que possível.

O risco é maior, mas não é uma regra. Manter peso adequado, praticar exercícios e realizar pré-natal precoce reduz significativamente a chance de desenvolver a condição novamente.

Sim, desde que respeitando orientações médicas. Atividades leves e moderadas diárias, como caminhadas, costumam ser seguras e ajudam no controle glicêmico.

O risco é baixo quando o exame é feito corretamente. Jejum inadequado, vômitos durante o teste ou erros de execução podem alterar o resultado. Se houver dúvida clínica, o médico pode repetir o exame.

  1. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO recommendations on maternal and newborn health: guidelines on diabetes in pregnancy. Geneva: WHO, 2025. Disponível em: https://www.who.int/. Acesso em: 14 jan. 2025.
  2. AMERICAN DIABETES ASSOCIATION (ADA). Standards of Medical Care in Diabetes—2024. Diabetes Care, v. 47, supl. 1, p. S1–S202, 2024. Disponível em: https://diabetesjournals.org/care. Acesso em: 14 jan. 2025.
  3. INTERNATIONAL ASSOCIATION OF DIABETES AND PREGNANCY STUDY GROUPS (IADPSG). Recommendations on the diagnosis and classification of hyperglycemia in pregnancy. Diabetes Care, v. 33, p. 676–682, 2010. Disponível em: https://diabetesjournals.org/care. Acesso em: 14 jan. 2025.
  4. MCINTYRE, H. D. et al. Gestational diabetes mellitus: new insights and global perspectives. The Lancet Diabetes & Endocrinology, v. 7, n. 5, p. 403–416, 2019. Disponível em: https://www.thelancet.com/. Acesso em: 14 jan. 2025.
  5. HOD, M. et al. Hyperglycemia and adverse pregnancy outcomes (HAPO Study). New England Journal of Medicine, v. 358, p. 1991–2002, 2008. Disponível em: https://www.nejm.org/. Acesso em: 14 jan. 2025.
  6. FRIAS, J. P.; GABBE, S. G. Diabetes in pregnancy: screening and diagnosis. BMJ, v. 365, p. l2035, 2019. Disponível em: https://www.bmj.com/. Acesso em: 14 jan. 2025.
  7. METZGER, B. E. et al. Long-term maternal and offspring outcomes of gestational diabetes mellitus. Nature Reviews Endocrinology, v. 15, p. 445–456, 2019. Disponível em: https://www.nature.com/. Acesso em: 14 jan. 2025.
  8. FARRAR, D. et al. Risk of progression from gestational diabetes to type 2 diabetes: systematic review. Diabetologia, v. 64, p. 2751–2761, 2021. Disponível em: https://diabetologia-journal.org/. Acesso em: 14 jan. 2025.
Essas Informações Foram Úteis?
✅ 98,9% dos nossos leitores consideram este conteúdo útil e seguro. ⚠️ Utilizamos o Google reCAPTCHA para garantir a segurança de nossos leitores e evitar envios automatizados. 🔒 Este site também é protegido pelo Cloudflare, que ajuda a manter nossa plataforma estável, rápida e livre de ameaças digitais. Aplicam-se as Políticas de Privacidade e os Termos de Serviço do Google e da Cloudflare.

Rolar para cima