A semaglutida é um dos medicamentos mais inovadores dos últimos anos, utilizada inicialmente no tratamento do diabetes tipo 2 e, mais recentemente, no controle da obesidade e emagrecimento. Ela atua como um análogo do GLP-1, um hormônio que regula o apetite, promove a sensação de saciedade e ajuda no controle dos níveis de glicose no sangue.
Disponível em versões injetáveis (Ozempic e Wegovy) e em comprimidos (Rybelsus), a semaglutida tem despertado grande interesse não somente entre pacientes com diabetes, mas também entre pessoas em busca de perda de peso saudável e segura, sempre com acompanhamento médico.
Neste guia completo, você vai entender como funciona a semaglutida, para que serve, seus efeitos colaterais, preços, formas de uso e se realmente emagrece.
O que é a semaglutida?
É um medicamento da classe dos agonistas do receptor de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1). Esse hormônio é produzido naturalmente pelo intestino após as refeições e tem como funções:
Estimular a liberação de insulina;
Reduzir a produção de glucagon (hormônio que eleva a glicose);
Aumentar a sensação de saciedade e retardar o esvaziamento gástrico.
Por imitar esse hormônio, a semaglutida ajuda tanto no controle glicêmico quanto na redução do apetite, sendo uma das principais razões de seu uso no tratamento do diabetes e da obesidade.
Nomes comerciais da semaglutida:
Ozempic® → uso semanal injetável, aprovado para diabetes tipo 2.
Wegovy® → injetável semanal, indicado para obesidade e perda de peso.
Rybelsus® → comprimido de uso diário.
Para que serve a semaglutida?
1. Diabetes tipo 2
Esse medicamento foi inicialmente aprovada para o tratamento do diabetes tipo 2. Seus benefícios incluem:
Redução dos níveis de glicose no sangue;
Melhora no controle da HbA1c (hemoglobina glicada);
Menor risco de complicações cardiovasculares;
Redução de peso em pacientes com sobrepeso e diabetes.
2. Emagrecimento e obesidade
A semaglutida ganhou notoriedade por sua eficácia no emagrecimento.
Atua no centro da saciedade no cérebro, reduzindo a fome;
Ajuda a controlar a ingestão calórica;
Estudos clínicos evidenciaram redução de até 15% do peso corporal em pacientes obesos.
3. Doenças associadas
Além de diabetes e obesidade, a semaglutida tem mostrado benefícios em:
Doenças cardiovasculares → menor risco de infarto e AVC em pacientes de alto risco;
Esteatose hepática (gordura no fígado) → melhora da inflamação e acúmulo de gordura;
Síndrome metabólica → controle de múltiplos fatores de risco.
Como usar a semaglutida?
Semaglutida injetável (Ozempic e Wegovy)
Aplicação subcutânea, uma vez por semana;
Fornecida em canetas injetoras, de fácil uso;
Dose inicial geralmente baixa, com aumento gradual conforme prescrição médica.
Semaglutida em comprimido (Rybelsus)
Uso oral, diariamente, em jejum;
Deve ser ingerida com água e antes da primeira refeição do dia;
Absorção pode ser menor que a versão injetável.
Atenção: A semaglutida não deve ser usada sem prescrição médica. Somente o médico endocrinologista pode avaliar dose, tempo de tratamento e monitoramento.
Efeitos colaterais da semaglutida
Como qualquer medicamento, a semaglutida pode causar efeitos adversos.
Mais comuns
Náuseas e vômitos;
Dor abdominal;
Constipação ou diarreia.
Menos comuns
Dor de cabeça;
Fadiga;
Alteração no paladar.
Atenção especial
Pode aumentar risco de pancreatite em casos raros;
Não deve ser usada por gestantes ou lactantes;
Mulheres em idade fértil devem usar métodos contraceptivos durante o tratamento.
Semaglutida emagrece mesmo?
Sim, a semaglutida é comprovadamente eficaz para emagrecer.
Estudos clínicos comprovam perda média de 10% a 15% do peso corporal em pacientes obesos;
Ajuda a manter o emagrecimento a longo prazo, desde que associado a dieta balanceada e atividade física;
Não deve ser vista como “solução mágica”, mas sim como parte de um tratamento multidisciplinar (médico, nutricionista e mudança de hábitos).
Preço da semaglutida no Brasil
O preço pode variar conforme a apresentação e região:
Ozempic® (injeção semanal): entre R$ 800 e R$ 1.200 por caixa;
Wegovy® (injeção semanal para obesidade): previsão de valores semelhantes ao Ozempic (ainda em processo de chegada no Brasil);
Rybelsus® (comprimido): faixa de R$ 700 a R$ 1.000.
Até o momento, não existe semaglutida genérica no Brasil.
Onde comprar a semaglutida?
Disponível em farmácias físicas e online, sempre com receita médica;
Não é recomendada a compra sem prescrição ou em sites não autorizados, devido ao risco de falsificação;
A escolha da forma (injeção ou comprimido) deve ser feita junto ao endocrinologista.
Semaglutida é segura?
A segurança da semaglutida já foi comprovada por órgãos internacionais como:
FDA (EUA)
EMA (Europa)
ANVISA (Brasil)
No entanto, como todo medicamento, existem riscos e contraindicações. A decisão de uso deve ser sempre médica, considerando histórico clínico, doenças associadas e acompanhamento nutricional.
Conclusão
A semaglutida representa um avanço importante na medicina para o controle do diabetes tipo 2 e no combate à obesidade. Seu mecanismo de ação, baseado no hormônio GLP-1, promove saciedade, controle glicêmico e perda de peso significativa.
Apesar de ser eficaz, a semaglutida não substitui mudanças no estilo de vida. Acompanhamento com médico endocrinologista e nutricionista é fundamental para garantir resultados seguros e sustentáveis.
Perguntas Frequentes
Sim, pode haver reganho de peso se o paciente não mantiver dieta e estilo de vida saudável após suspender o medicamento.
Ambos são semaglutida injetável, mas o Ozempic é indicado para diabetes tipo 2, enquanto o Wegovy é voltado para tratamento da obesidade.
Sim, mas apenas com indicação médica, especialmente em casos de obesidade ou sobrepeso com doenças associadas.
Ainda não. Atualmente, só estão disponíveis as versões originais (Ozempic, Wegovy e Rybelsus).
Ambas são da mesma classe (análogos do GLP-1), mas a semaglutida tem eficácia maior e pode ser aplicada apenas uma vez por semana, enquanto a liraglutida exige aplicação diária.
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Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. Mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.