A rubéola na gravidez é uma das infecções que mais preocupam médicos e gestantes. Apesar de ser considerada uma doença geralmente leve em adultos, sua ocorrência durante a gestação pode trazer sérios riscos ao bebê, principalmente quando a infecção acontece no início da gestação. Por isso, compreender os sintomas, os riscos e as formas de prevenção é fundamental para proteger a saúde materna e fetal.
Neste artigo, te explico com informações baseadas em evidências científicas sobre a rubéola na gestação, além de respostas para dúvidas comuns e orientações práticas sobre prevenção e diagnóstico.
O que é Rubéola?
A rubéola é uma doença viral causada pelo Rubivirus, transmitida por gotículas respiratórias. Geralmente apresenta sintomas leves, como febre baixa, manchas avermelhadas na pele e aumento dos linfonodos. No entanto, quando a infecção ocorre em uma gestante, especialmente no primeiro trimestre, os riscos para o feto aumentam consideravelmente.
Rubéola na Gravidez: Por Que é Perigosa?
Durante a gestação, o vírus da rubéola pode atravessar a placenta e infectar o bebê em desenvolvimento. Esse processo pode levar à chamada Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), associada a má-formação e complicações graves.
Os perigos da rubéola na gravidez incluem:
Malformações cardíacas congênitas.
Surdez neurossensorial.
Alterações oculares (catarata, retinopatia, glaucoma).
Microcefalia e atraso no desenvolvimento neurológico.
Risco aumentado de aborto espontâneo e natimorto.
É importante falar, que quanto mais cedo ocorre a infecção, maiores são os riscos para o feto.
Sintomas da Rubéola na Gestação
Os sintomas podem passar despercebidos, tornando o diagnóstico um desafio. Entre os principais estão:
Febre baixa.
Manchas rosadas na pele, que iniciam no rosto e se espalham.
Linfonodos (ínguas) aumentados, especialmente atrás das orelhas.
Dores musculares e articulares.
Mal-estar e fadiga.
Em muitas gestantes, a infecção pode ser assintomática, reforçando a importância dos exames laboratoriais no pré-natal.
Riscos da Rubéola no Primeiro Trimestre
O primeiro trimestre da gestação é o período de maior vulnerabilidade. Se a mãe contrair rubéola nesse estágio, as chances de má-formação fetal chegam a até 90%.
Os principais riscos incluem:
Síndrome da Rubéola Congênita.
Malformações múltiplas.
Atraso no crescimento intrauterino.
Comprometimento auditivo e visual irreversível.
Já no segundo e terceiro trimestres, embora o risco diminua, ainda existe a possibilidade de complicações.
Valores de Referência – Sorologia para Rubéola (IgG e IgM)
Os valores de referência podem variar entre laboratórios e métodos utilizados, mas, de forma geral, são os seguintes:
Não reagente: índice inferior a 1,20 → resultado negativo, indicando ausência de anticorpos detectáveis.
Indeterminado: índice superior ou igual a 1,20 e inferior a 1,60 → resultado inconclusivo, sendo necessário repetir o exame.
Reagente: índice superior ou igual a 1,60 → resultado positivo, indicando presença de anticorpos.
Diagnóstico de Rubéola na Gravidez
O diagnóstico da rubéola na gestação é realizado por meio de exames laboratoriais específicos, fundamentais para orientar a conduta médica e proteger o bebê.
Sorologia (IgM e IgG)
IgM positivo → indica infecção recente, sugerindo risco de transmissão fetal.
IgG positivo → indica imunidade adquirida, seja por infecção anterior ou vacinação.
Teste de Avidez de IgG
Diferencia infecção recente (baixa avidez) de infecção antiga (alta avidez).
Muito útil no primeiro trimestre, quando o risco de má-formação fetal é maior.
PCR Viral
Exame de biologia molecular utilizado em casos específicos.
Detecta diretamente o material genético do vírus da rubéola, confirmando a infecção.
Durante o pré-natal, é comum a solicitação do exame “Rubéola IgG e IgM”, essencial para identificar se a gestante está protegida ou em risco de infecção.
Tratamento da Rubéola na Gravidez
Infelizmente, não existe tratamento específico para eliminar o vírus da rubéola. A conduta médica envolve:
Acompanhamento rigoroso no pré-natal.
Exames de imagem para avaliar o desenvolvimento fetal.
Suporte clínico em casos sintomáticos.
Orientação para gestantes expostas sem imunidade.
A principal estratégia continua sendo a prevenção pela vacinação antes da gestação.
Como Prevenir a Rubéola na Gravidez
A prevenção é a forma mais eficaz de proteção. As principais medidas incluem:
Vacinação antes da gravidez:
A vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é a mais utilizada.
Deve ser aplicada pelo menos 1 mês antes da concepção.
Checagem de imunidade no pré-natal:
Exame de IgG para verificar se a gestante já possui anticorpos.
Evitar contato com pessoas infectadas:
Especialmente em surtos de rubéola.
Importante: a vacina é contraindicada durante a gestação. Por isso, o ideal é garantir a imunização antes de engravidar.
Rubéola e Má Formação Fetal
A relação entre rubéola e má formação fetal está diretamente ligada à infecção intrauterina. A Síndrome da Rubéola Congênita pode causar:
Surdez.
Catarata congênita.
Cardiopatias.
Problemas no fígado e baço.
Deficiências cognitivas.
Estudos evidenciam que a prevenção pela vacinação reduziu drasticamente os casos no mundo, mas surtos ainda ocorrem em regiões com baixa cobertura vacinal.
Conclusão
A rubéola na gravidez é perigosa e representa uma ameaça real à saúde do bebê, sobretudo no primeiro trimestre. Apesar de ser uma doença rara em países com alta cobertura vacinal, ainda existem casos que exigem atenção.
A melhor forma de proteção é a prevenção por meio da vacinação antes da gestação e do acompanhamento rigoroso no pré-natal. Informar-se e realizar os exames necessários é essencial para garantir uma gravidez saudável e sem riscos.
Perguntas Frequentes
Sim. Quando a infecção ocorre no início da gestação, há maior risco de aborto espontâneo ou natimorto.
Sim. O exame sorológico IgG e IgM é solicitado no pré-natal, independentemente da presença de sintomas.
Sim. A amamentação não é contraindicada, pois o risco de transmissão do vírus pelo leite materno é mínimo.
Não. A vacina é contraindicada durante a gestação e deve ser aplicada antes da gravidez ou no pós-parto imediato.
É raro. Em geral, quem já teve rubéola ou foi vacinado possui imunidade duradoura e está protegido.
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Lincoln Soledade, – Biomédico CRBM 41556/ES. Mestrando em Gestão em Saúde Pública. Especialista em Patologia Clínica e pós-graduado em Estética Avançada, atua desde 2018 na área de diagnóstico clínico hospitalar. Ao longo de sua trajetória, tem se dedicado à aplicação rigorosa do conhecimento científico para promover diagnósticos precisos, contribuindo significativamente para a qualidade do cuidado em saúde.