O ácido fólico na gravidez é um dos nutrientes mais importantes para a formação saudável do bebê. Sua deficiência está associada a malformações fetais graves, como os defeitos do tubo neural, além de aumentar o risco de anemia, parto prematuro e complicações gestacionais.
Compreender a importância dessa vitamina e garantir o uso adequado é essencial para a saúde da mãe e do bebê.
O que é o ácido fólico e por que é essencial na gravidez
O ácido fólico, também conhecido como vitamina B9, é uma vitamina do complexo B que participa da formação do DNA, da divisão celular e da produção de glóbulos vermelhos (hemácias).
Durante a gestação, o corpo da mulher precisa dessa substância em quantidade maior para acompanhar o crescimento rápido do feto e o aumento da produção sanguínea.
A importância do ácido fólico na gravidez vai além da prevenção de anemia, ele é fundamental para o fechamento do tubo neural, estrutura que dá origem ao cérebro e à medula espinhal do bebê. A deficiência desse nutriente nas primeiras semanas de gestação pode levar a malformações irreversíveis.
Riscos da falta de ácido fólico na gravidez
A falta de ácido fólico na gravidez está diretamente associada a uma série de riscos e complicações para o bebê e para a gestante.
Entre os principais, destacam-se:
1. Malformações fetais
A deficiência de vitamina B9 pode causar espinha bífida, anencefalia e outras anormalidades neurológicas conhecidas como defeitos do tubo neural. Essas condições se formam nas primeiras 4 semanas de gestação, muitas vezes antes da mulher saber que está grávida.
2. Anemia megaloblástica
O ácido fólico é essencial para a produção adequada de glóbulos vermelhos (hemácias). Sua deficiência pode causar anemia megaloblástica, caracterizada por cansaço, fraqueza, palidez e aumento do risco de complicações durante o parto.
3. Complicações gestacionais
Estudos indicam que níveis baixos de ácido fólico podem aumentar o risco de descolamento prematuro de placenta, restrição de crescimento intrauterino, parto prematuro e até abortamento espontâneo.
Quando começar a tomar ácido fólico para engravidar
O ideal é que o ácido fólico seja iniciado antes da gravidez. As recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde orientam que mulheres que planejam engravidar comecem a suplementação pelo menos 30 dias antes da concepção e mantenham o uso durante o primeiro trimestre da gestação.
Essa precaução garante que, no momento da formação do tubo neural (entre a 3ª e a 4ª semana), os níveis de vitamina B9 já estejam adequados para proteger o bebê.
Até que mês tomar ácido fólico na gravidez
A maioria dos especialistas recomenda o uso do ácido fólico até a 12ª semana de gestação, quando ocorre o fechamento completo do tubo neural.
Contudo, algumas gestantes podem se beneficiar de doses prolongadas, especialmente em casos de anemia, uso de anticonvulsivantes ou histórico de malformações em gestações anteriores.
O ideal é seguir a orientação médica individualizada.
Qual a dose ideal de ácido fólico para gestantes
A dose recomendada depende das condições de saúde da mulher:
Gestantes saudáveis: 400 a 600 µg (microgramas) por dia.
Mulheres com risco aumentado (como diabetes, epilepsia ou história de defeitos do tubo neural): 4.000 µg (4 mg) por dia, sob prescrição médica.
O excesso, embora raro, pode causar más interpretações de exames laboratoriais e ocultar deficiência de vitamina B12, por isso o uso deve sempre ter acompanhamento profissional.
Alimentos ricos em ácido fólico para gestante
Além do suplemento, é importante incluir alimentos ricos em folato (forma natural da vitamina B9) na dieta diária.
Entre os principais estão:
Verduras verde-escuras: espinafre, brócolis, couve, alface.
Leguminosas: feijão, lentilha, grão-de-bico e ervilha.
Frutas cítricas: laranja, limão e abacate.
Cereais e pães fortificados: muitos produtos industrializados são enriquecidos com ácido fólico.
Mesmo com uma alimentação equilibrada, a suplementação é indispensável na gestação, pois o organismo não absorve o folato dos alimentos em quantidade suficiente para suprir as demandas do bebê.
Ácido fólico em excesso faz mal?
Tomar ácido fólico em doses muito altas sem orientação médica pode causar efeitos indesejados.
Entre os possíveis riscos estão:
Mascarar deficiência de vitamina B12, dificultando o diagnóstico precoce de anemia perniciosa.
Distúrbios gastrointestinais e insônia, em casos de uso prolongado.
Por isso, é fundamental seguir a dose prescrita pelo obstetra e evitar automedicação.
Ácido fólico e a saúde do bebê
O ácido fólico é determinante para o desenvolvimento cerebral do bebê, além de contribuir para a formação da medula espinhal, coração e sistema imunológico.
A suplementação adequada reduz o risco de doenças congênitas, transtornos cognitivos e melhora o crescimento fetal.
Estudos evidenciam que gestantes com níveis adequados de vitamina B9 têm menor chance de parto prematuro, melhor peso ao nascer e maior desenvolvimento neurológico no primeiro ano de vida.
Como garantir níveis ideais de ácido fólico
Inicie a suplementação antes da gravidez.
Mantenha acompanhamento médico e realize exames laboratoriais quando indicado.
Mantenha uma dieta rica em folato.
Evite álcool e cigarro, que prejudicam a absorção de nutrientes.
Use somente produtos com registro na Anvisa e sob prescrição.
Conclusão
O ácido fólico na gravidez é indispensável para o desenvolvimento saudável do bebê e a segurança da gestante.
A deficiência dessa vitamina pode gerar malformações graves, mas é facilmente evitada com suplementação adequada, alimentação equilibrada e orientação médica.
Cuidar da saúde antes e durante a gestação é o primeiro passo para garantir uma maternidade tranquila e um bebê saudável.
Perguntas Frequentes
Sim, mas é importante verificar com o médico ou nutricionista, pois alguns suplementos podem interagir ou causar excesso de certos nutrientes.
Sim, a suplementação durante a amamentação pode ajudar a manter níveis adequados de vitamina B9, beneficiando a mãe e o bebê.
Sim, folato é a forma natural encontrada nos alimentos, enquanto ácido fólico é a forma sintética usada em suplementos e fortificação de alimentos.
Na maioria dos casos, a dose de 400 a 600 µg não exige prescrição, mas doses mais altas ou casos de risco especial devem ser acompanhados por médico.
Sim, medicamentos como anticonvulsivantes, metotrexato e alguns antibióticos podem interferir na absorção do ácido fólico.
- GREENBERG, J. A.; BELITSKY, G. A.; FISCHER, P. R. Folic acid supplementation and pregnancy: More than just neural tube defects. Journal of Perinatal Medicine, v. 39, n. 1, p. 1-7, 2011. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3218540/. Acesso em: 8 out. 2025.
- LASSI, Z. S.; HAIDER, B. A.; BHUTTA, Z. A. Folic acid supplementation during pregnancy for maternal and birth outcomes: A systematic review and meta-analysis. Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine, v. 26, n. 8, p. 1-9, 2013. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10069458/. Acesso em: 8 out. 2025.
- VISWANATHAN, M.; TRENTHAM-DRIVE, J.; KAPLAN, R. M. Folic acid supplementation to prevent neural tube defects. JAMA, v. 329, n. 8, p. 1-9, 2023. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2807740. Acesso em: 8 out. 2025.
- TATE, C. The critical role of folate in prenatal health and a proposed shift from folic acid to 5-methyltetrahydrofolate supplementation. Global Medical Review, v. 124, p. 570-577, 2024. Disponível em: https://gmr.scholasticahq.com/article/124570-the-critical-role-of-folate-in-prenatal-health-and-a-proposed-shift-from-folic-acid-to-5-methyltetrahydrofolate-supplementation. Acesso em: 8 out. 2025.
- LAZAR, V. M. A.; ZHANG, X.; WANG, Y. Folate deficiency in pregnancy and the risk of preterm birth. Public Health Nutrition, v. 27, n. 5, p. 1-7, 2024. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11239188/. Acesso em: 8 out. 2025.
- LEDOWSKY, C.; SMITH, J.; JOHNSON, K. Health effects of excess folic acid use and high blood folate levels. Nutrition Reviews, v. 83, n. 3, p. 1-9, 2025. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S147264832500447X. Acesso em: 8 out. 2025.
- XU, X.; LIU, S.; ZHANG, H. Risk of excess maternal folic acid supplementation in pregnancy. MDPI Nutrients, v. 16, n. 5, p. 755, 2024. Disponível em: https://www.mdpi.com/2072-6643/16/5/755. Acesso em: 8 out. 2025.
- CAFFREY, A.; SMITH, L.; BROWN, M. Effects of maternal folic acid supplementation during the second and third trimesters on neurocognitive development of the child. BMC Medicine, v. 19, p. 1-9, 2021. Disponível em: https://bmcmedicine.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12916-021-01914-9. Acesso em: 8 out. 2025.
- MOGES, N.; KASSA, H.; TESFAYE, D. The effect of folic acid intake on congenital anomalies: A systematic review and meta-analysis. Frontiers in Pediatrics, v. 12, p. 1386846, 2024. Disponível em: https://www.frontiersin.org/journals/pediatrics/articles/10.3389/fped.2024.1386846/full. Acesso em: 8 out. 2025.
Mariana Soares – biomédica patologista clínica, com uma carreira sólida e reconhecida no campo das análises laboratoriais e diagnóstico clínico. Formada em Biomedicina, é inscrita no Conselho Regional de Biomedicina (CRBM 60562/ES), atua com compromisso e ética profissional, buscando constantemente a excelência na qualidade dos serviços de saúde.